segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

NOVOS ACONTECIMENTOS












Que venha 2013
trazendo marca branca,
roubada da beleza das flores.
Que haja perfumes, suavidades, encantos,
suspiros e esperanças.
Que haja pétalas, champanhe, fogos
e murmúrios de bem-querer.
Que haja uma doce espiritualidade
e uma comunicação cósmica
de consciência de paz.
Que haja sorrisos de crianças
enfeitando a humana árvore de natal.
Que Deus ocupe um lugar fértil
no seu jardim da vida.
 

REFRESCAR O PLANETA












A paz convive com o silêncio.
A guerra com o estouro de bombas,
com o grito dos aflitos.
A paz se alimenta de solidariedade.
A guerra se nutre do desamor,
dos conflitos de interesses.
A paz habita no abraço das famílias.
A guerra nos atos de discriminação
e no choro contido.
Deixemos a paz refrescar o planeta
numa gota de orvalho,
de uma viva esperança.

domingo, 30 de dezembro de 2012

ESPERAS DE ANO NOVO


Espera o que do ano novo?
Um sorriso, um gesto de afeto,
um cachorrinho de estimação?
Espera o amor que viajando vem?
Espera algo novo, alguma revisão de vida?
Espera um ato de compaixão,
um choro saudoso?
Espera desejar o bem
a quem passar distraído por você?
Espera um trabalho que lhe sustente,
o retorno de alguém ausente?
Espera ler romance de amor?
Ficção ou realidade?
Espera um filho,
um sonho demorado?
Espera um perdão,
um encontro, um desencontro?
Espera chuva, luar,
raios de sol e passeios desejados?
Espera um galho de flor
de mãos inocentes?



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

QUE TAL


Que tal um ano de cor violeta despertando suspiros?
Que tal encantos, celebrações, beijos de borboletas
numa manhã chuvosa?
Que tal namorar num mesmo galho,
esperando o cair de minúsculas gotas de orvalho?
Que tal ser roxo ou lilás, apaixonar-se sem olhar para trás?
 

ABUNDÂNCIA



                                           







Descartar toda estupidez.
Desembaraçar-se de toda pequenez.
Recolocar os sonhos em movimento.
Revirando os mundos de fora e de dentro.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

VIRANDO PÁGINAS



As novidades se mostram nas folhas.
Viagens a mundos encantados, jamais vistos.
Desenhos, cores, bichinhos, estórias, figuras...
Ficção e realidade.
Leitura para gente grande e pequenina.
Um silêncio nutritivo.
Companheiro na escola, no banquinho, no quarto.
No banheiro também tem vez.
O Menino do Dedo Verde vai transformando o mundo pelos toques.
Toques de amor, busca de paz.
O Pequeno Príncipe sonhador passeia no seu planeta.
A dentuça Mônica de histórias em quadrinhos faz confusão.
A Branca de Neve e seus anões dos Irmãos Grimm passeiam pela floresta.
As Reinações de Narizinho traz o mundo encantado de Monteiro Lobato.
Em Menina das Estrelas Ziraldo caminha entre a infância e a adolescência.
 Existe uma diversidade para o mundo dos adultos.
Apreciar Drummond, Cecília Meireles, Fernando Pessoa e Guimarães Rosa.
Os mineiros Adélia Prado e Rubem Alves.
Os romancistas, os cordelistas, os poetas.
O livro se abre para nossos olhos. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

EDUCAÇÃO


                                                      Foto: Internet                                                
Pérola de cidadania.
Construída no tecido social cotidiano.
Que firma raízes, cria alicerces.
Que incorpora saberes indestrutíveis.
Que potencializa assumir papéis sociais.
O ir em frente.
Presente nas rodas de cultura do sábio Paulo Freire.
Voz libertadora.
Uma ampliação de consciência crítica.
Via de solidariedade.
Esforços de  vivência do coletivo.
O aprender a questionar a realidade,
e modificá-la quando merecida.
Ator social, agente de transformação.
Educação.
Que outra via senão esta para ser cidadão do mundo?

Poema publicado no Jornal O Povo, Jornal do Leitor em 30/10/12.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

NA CORDA BAMBA DA ADOLESCÊNCIA


                                           
O sofrimento guardado no cofre do cotidiano da vida.
Ou escancarado provocando a injustiça e o chorar.
A adolescência sendo testada e revirada.
Onde se esconderam as plumas do amor construído?
Para onde viajaram as conversas, o brincar, a tolerância?
O urso de pelúcia já se foi.
Outras realidades eclodem e causam surpresas.
Surpresas são surpresas, não dores.
Mudanças são mudanças, não uma estranheza proposital.
Seria um mundo incômodo? Para quem? Para a adolescente somente? Para os pais somente?
Uma travessia que se faz caminhando lado a lado.
Não tão invasiva, não tão longe.
O amor não é um sentimento descuidado.
Ele também não conjuga com sufocamento.
Ele é um olhar cuidadoso sob aquele ser em transformação.
Merecedor de aconchego e amor.
Apontando os caminhos a trilhar.
Diante muitas vezes de rumos embaraçados.
A experiência de cada um é única e irrepetível.
O jeito de caminhar pode não ser o pior e nem o melhor.
Mas a brandura, o ouvir faz parte da sabedoria da vida.
Ela reina no fundo do coração de que ama e deseja o bem.
Daqueles que não aceitam experiências piores jogadas pelo mundo.
Porque o amor grita forte em relação a vários aspectos, não a um só.
Porque o amor é apoiador, é pelúcia sem o urso.
É sutileza, é educar sem o temor do escuro negro, da violência pré-anunciada.
O amor é possível, o desamor é mais possível ainda.
O desamor é mais provável e se alimenta de rejeições ditas ou não ditas.
A dor de não ser nem criança e nem adulto embaça o viver.
Sem âncora, é possível se navegar a deriva.
Eu não consigo fixar meu olhar neste tipo de viagem. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

IR E VIR - UM DESPERDÍCIO


Foto: Internet
Hoje, o terrível engarrafamento me fez
lembrar do desperdício do tempo.
Existência tão curta para tamanho sumidouro diário.
E, cada vez mais e mais desperdício.
Quantas primeiras marchas nos deixarão em segunda na nossa
cidadania.
Quem pisará no freio? Quando surgirão mais corredores desacostumando
os sofredores oprimidos das lentas trazeiras dos carros?
Não, alguns até gostam daquela lindeza de lanternas acesas enfileiradas.
Outros até curtem uma adrenalina de sustos de possíveis batidas,
as vezes até recheada de arrastões. 
 E a engenharia do trânsito das nossas consciências?
Ela se desorganiza em inquietações ou se conforma?
O ir e vir diário está divorciado da qualidade de vida?
Isso é coisa de grande metrópole mesmo, de quem quase
virou uma grande São Paulo?
Meu Deus, que vontade de buzinar! 

domingo, 26 de agosto de 2012

ABACAXI EXÓTICO

                                                       Foto: Wellington Monteiro
Exótico, exuberante.
Obra perfeita de Deus.
Foge dos limites de beleza.
Formato, espinhos, cores...
expostos ao vento, a luz.
Numa prodigiosa exibição artística.

MUNDO INFANTIL

                                                          Foto: Norma Novais
Jardim encantado.
Branca de Neve e seus sete anões.
Como que surpreendidos naquele canteiro infantil.
Brincando feliz, dengoso, zangado, soneca, atchim ...
Sou uma criança que se abriga na pequena casinha ao lado.
Cantarei com eles.
Dormirei com eles.

LINDA


                                                           Foto: Wellington Monteiro

Acredito ser gérbera.
Só sei que é linda.
De tanto ser tocada pelo beija flor,
o pólen salta do miolo.
Com jeito solitário, ela reina no canteiro.
Se exibe, se mostra...
Tem motivos para isto.

Quixadá - Ceará - 26/08/12

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O PONTAL DE SANTO ANTONIO

                                                                Foto - Norma
Aos nossos olhos O Pontal de Santo Antônio.
Na chapada do Araripe Caririense, no município
de Porteiras você o vê majestoso.
Impossível escalá-lo, íngreme, o vento solta em derrubada. 
Faz-se plantio de bananeira e capim na sua encosta.
Ele se mostra com um misto de pedra e vegetação.
O pontal se admira ao longe.
Tem-se a impressão que é o começo da chapada
que forma o grande caldeirão verde daquela região.
Quando o céu derruba a sua névoa ele parece misterioso,
com seu topo coberto de um branco passageiro.
Eu o admiro de baixo como um mirante do futuro.
Mas a rebeldia dos ventos, a sua quietude, altitude,
ajuda a preservá-lo e ser o que ele é hoje.
Um pontal natural de nome santo.        

quarta-feira, 18 de julho de 2012

ENCANTO CARIRIENSE

                                                                   Foto - Norma
Cores do sol.
Amarela e laranja.
Com a beleza ainda molhada pela chuva da noite.
Vivente daquela serra fria caririense.
Esqueci como se chama,
mas você não me é anônima.
Despertou em mim saudades de infância.
Saudades de uma estrela que brilha longe,
na "imensidão suspensa",
próxima dos raios solares, quem sabe,
de cor amarela e laranja.
E ela sabe o seu nome.
Reconhece sua molhada beleza majestosa.

ESPERANÇA

                                                               Foto: Facebook  
Nascemos como seres de esperança.
O passo a passo do viver nos faz desesperançosos.
A esperança fresquinha é mágica e contagia.
A cor da esperança é o verde que predomina na natureza
em terra firme.
A esperança é casada com a espera
de algo que virá como bálsamo.
Como um chá verde.
Como a paisagem das matas com seus segredos.
A esperança ocupa o espírito, respira com ele.
Conforta, anuncia, anima e tem passos leves.
Quero subir os verdes degraus,
fumaçantes de esperança viva.

DESPEDIR-SE DA DOR


Hoje, meu coração fez sussurros de protestos.
Xingando a visitante dor que embrutece.
Vi sorrisos de crianças, avistei lindas paisagens ao longe,
no mundo virtual.
Olhei flores de diversas cores e formatos.
Saboreei uma comida apetitosa.
Caminhei com meus sonhos.
Despertei outros.
Nada me fez desencontrar de você.
Que é mais poderosa que a minha vontade.
Aprisionando meu sorriso solitário.
Soltando pedras no meu caminho de agora.
Dormi a tardinha na sua companhia.
Despertei acompanhada.
E agora, lhe mando embora com um gole d'água,
acompanhada com o determinar da ciência.
Fico quieta a pensar outras formas de me despedir de você.
De fugir da cronicidade, do acostumar-se.
E brigar com você mesmo sendo de paz.






sexta-feira, 22 de junho de 2012

ILUMINA


Luzes que me fazem despertar a alma.
Matam o escurecer.
Abrem caminhos para a meditação,
para o sagrado.
Opondo-se as trevas.
Fios aquecidos de vida.    

ENCANTO


Rosas ternas,
com as bordas de destacada cor,
me fazendo longamente e silenciosamente
contemplá-las.
As pétalas se entrelaçam
na feitura da beleza.
Que é só dela,
emprestada aos meus olhos.

MEU RENCONTRO COM O COLÉGIO N.S. DE FÁTIMA

                                                            Foto: Norma Novais
Era 1969.
Eu, menina, chegava a Barbalha para estudar
no colégio feminino Nossa Senhora de Fátima,
com 10 anos de idade.
Um colégio grandioso em tudo, na sua estrutura
física, no ensino, no aprendizado...
Em frente a rua, em arquitetura circular
no seu topo, a capela.
Na lateral a direita, a entrada das alunas.
O sino tocava anunciando o recreio.
Feiras de ciências, peça de teatro
O Pequeno Príncipe, do francês Exupéry,
onde representei a cobra no deserto.
Gincanas culturais, bandinha de música
infantil, onde eu tocava todos os instrumentos,
até a corneta. Soprava o toque de silêncio
com mais duas corneteiras.
Grandes escorregadores, descidas
soltas e prazerosas.
Aulas de arte onde se ensinava
a pregar botão em roupa,
fazer barra de calça e saia,
pintura em tecido...
No esporte, brincadeiras de petecas
e ping-pongue, as minhas preferidas.
Passeios no dia das crianças.
Nossa floricultura era o jardim da
casa vizinha ao colégio, colheitas
secretas.
A grande Diretora Irmã Cecília,
inesquecível.
Colégio posicionado em frente a Igreja
Matriz e ao mastro de Santo Antonio,
o padroeiro, a nos abençoar.
Datas relevantes? todas as alunas marchavam
nas ruas com bolas, bambolês, fitas coloridas,
cana-de-açúcar, banda infantil e "banda das
alunas grandes".
Desfilavam figuras históricas como Princesa
Isabel e o mundo imperial brasileiro.
Na copa do mundo de 70 enfeitamos o colégio
de verde e amarelo.
Reinava a inocência.
Os paqueras alunos do Colégio Santo Antônio
ficavam em frente ao nosso ou nos acompanhavam
pelas ruas a pé.
Usei a sainha pregueada até 1972,
vindo para Fortaleza no ano seguinte
para novas e boas experiências no Colégio da Imaculada
Conceição.



terça-feira, 19 de junho de 2012

QUASE UM NAMORO... (Artigo)



No térreo do elevador de um hospital entra uma jovem de 50 anos de idade, bonita, bronzeada, cheirosa, trajando uma calça jeans e uma blusa de malha. Visitaria um senhor amigo internado. Entra também no mesmo elevador um jovem de aproximadamente 45 anos de idade, bonito, sereno, desejando gentilmente boa tarde. A jovem sentindo um incômodo que se acentuava, disse: “por gentileza, você poderia coçar o meio das minhas costas, é horrível coceira de praia”. O jovem prontamente começou a coçar, parando rapidamente. Indaga: “passou”? Ela diz inquieta: “ainda não”. Ele volta a coçar mais forte, penetrando mais fundo nas carnes por cima da malha. Ele diz: “pronto”? Ela responde: “ainda não”. Ele voltou a confortá-la. Passou a cocá-la mais agilmente e intensamente como se beliscasse suas costas até próximo das axilas e o alívio foi chegando. O elevador se abriu de repente, a jovem desceu agradecendo e ele desesperado falava alto: me arranja seu telefone, seu telefone por favor, e o elevador se fechou. Por pouco a coceirinha deixou de arranjar um namoro. A jovem chegou ao quarto sorrindo do episódio e falando para as amigas. O jovem deu várias voltas de reconhecimento nos andares do hospital e nada. Sua paixão repentina não saiu do quarto, pois a coceira já havia passado. Talvez agora a necessidade fosse dele. Que desumanidade! 

Artigo publicado no Jornal O POVO, Jornal do Leitor em 19/06/12 - autoria Norma Novais

terça-feira, 12 de junho de 2012

ALÉM DO BEIJO...


A roupa ficou pelo avesso jogada na poltrona vermelha.
As taças de champanhe ficaram dentro do gelo, a esperar.
O ambiente era como se houvesse um tango a ser dançado.
O cheiro das flores estava nela.
O cabelo dele tinha um discreto gel que brilhava.
Luz baixa, pétalas, incenso e um abajur de cristais bege.
Havia algo duradouro além do beijo.
Havia um sentimento que se renovava feito broto de planta.
Lindo feito os galhos da cerejeira no pico da primavera.
E os cheiros se amaram sem saber se havia tempo para terminar.
Se havia dança.
Se havia champanhe.
Se havia outra estação além da primavera.

Poema publicado no O POVO, Jornal do Leitor em 12/06/12,
no dia dedicado aos namorados.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

BRILHO DO OLHAR

                                                                Foto: INTERNET 
O brilho do olhar é fazedor de histórias. 
Algo que se conta, mas essencialmente se vive.
Brilho que abastece o coração e faz fervilhar a alma. 
Alma carente de ti.

INCENDIADA PELA PAIXÃO

                                                                 Foto: Internet
Aconchegar-me em seus braços é uma vivência para os deuses.
Entre cores, luzes e perfumes, você é a exaltação de tudo de precioso que me rodeia.
Jogo pétalas em você para além do espírito de sedução. 
Jogo o meu olhar no seu e sou incendiada por incontidos desejos. 

BANDEIRA DE PORTEIRAS


Eis aí o símbolo de minha terra,
Porteiras do meu Ceará.
Emoldurado por cana-de-açúcar
e o grande astro a brilhar.

Eis a Chapada do Araripe, majestosa.
Como um caldeirão verde a pulsar.
Grande "Rainha das Chapadas do Nordeste", imperiosa.
Como filhos dela nos faz orgulhar

Eis 25 de março de 1955.
Proclamada a sua autonomia.
Tendo uma bela praça com este nome.
Marco de nossa cidadania.

Eis a sua bandeira
revelando os símbolos de suas riquezas,
a pecuária, o algodão, o milho,
e as moendas dos históricos engenhos que faliram.

Eis a verdade, da rapadura como seu grande esteio,
a grande marca, os seus canaviais.
Os engenhos de rapadura implodiram,
por falta de políticas governamentais.

Eis que o Cariri ficou mais pobre sem o apito dos engenhos.
A rapadura era um produto histórico e sócio-cultural.
A bagaceira se calou, chorou, patrão e trabalhador.
Silenciaram as moedas, as conversas e o barulho do curral.

Eis o baião-de-dois, o queijo de manteiga e o gostoso pequi.
O feijão de corda, as frutas dos sopés da serra, as tapiocas gostosas,
a farinha de mandioca, uma galinha caipira.
Tudo encontramos aqui.

Eis que o valor do seu povo é difícil noutro canto se encontrar
Hospitaleiro, alegre e trabalhador.
Ama a sua padroeira, carrega no ombro o andor.
Sua espiritualidade é recheada de amor.

Eis uma bandeira,
que se revela desfilando com sua imensa lindeza.
Harmônica, delicada e de cor bela
Mostrando as suas inúmeras riquezas.

Eis que no alto da sua bandeira
Porteiras é coroada como rainha com grande emoção
Pois tem uma divina padroeira.
Nossa Senhora da Imaculada Conceição.

Norma Novais Miranda - em 11/06/2012









 

CÂNTICO RASGADO

                                                                Foto:  PICASA
Três coqueiros na fazenda Ilha em Porteiras,
posicionados a três metros da biqueira da casa.
Um casal de Anun Branco fez o seu ninho num deles,
próximo a um cacho florido ainda não revelado.
Fez o ninho num tempo de sossego, de silêncio.
Também como se soubesse que lá não se permite mexer em ninhos.
Os pássaros escutam conversas de alpendragem.
Fizeram inúmeros voos construindo seu ninho.
Muitos beijos bicudos.
Mas na algazarra de visitas no alpendre
um Anun Branco sentado no fio do telefone,
desorganiza suas penas, se inquieta,
e faz um cântico longo, repetido e rasgado.
O outro traz borboletas e lagartas no bico.
Inúmeras viagens de nutrição.
Escutamos os gritos estridentes dos filhotes.
Pelo som, serão quatro, cinco?
Sentada no fio, como a rasgar palavras
de uma vigilante afiada no bico, será a mãe?
Armada num cântico de mãe prenha,
conservando sua espécie, ela gritava.
Meu pai, Sr. Alboino Miranda, com 89 anos,
casado com a natureza viva, diz:
vamos sair daqui meus netos, vamos para a parte de trás da casa,
enquanto os filhotes dos Anus Brancos almoçam.
Os netos entenderam este outro cântico rasgado de amor à natureza.       
O meio ambiente precisa ser respeitado a partir das pequenas coisas.
O homem cidadão que ama a natureza sabe que a Terra é de todos.
Podemos ser cidadãos verdes (não falo de partido),
verdes de amor planetário, não um ET (Extra Terrestre),
mas um Intra Terrestre real, cheio de amor pela Casa Mãe - A TERRA.

Poema Publicado pelo Jornal O POVO, Jornal do Leitor, dia 04/06/2012, on line.  

segunda-feira, 28 de maio de 2012

"MÃE DA LUA"

                                                           Foto postada por Ictoon
Quando menina, muitas vezes, nas calçadas
da minha casa na serra do Araripe, entre o engenho de rapadura
e a nossa morada, nas noites de lua cheia, ouvíamos
o cântico da "Mãe da Lua".
Ela sentava nas palmeiras, nos coqueiros ou na
copa de grandes árvores no cafezal próximo.
Todas as crianças se espalhavam de medo.
Dizia-se ser um pássaro fantasma que ninguém via,
mas ouvia muito bem seu cantar esquisito.
Falavam os mais velhos que ela cantava lamentando a
traição do amado, assim: "foi, foi e não voltou mais".
Pensávamos que a sua presença anunciava a nossa morte
ou de alguém querido.
"Diabo era quem quisesse ficar perto".
Diziam que camuflada, disfarçada, ela cantava olhando para a lua,
por isso que não aparecia em noites escuras.
Ficava facilmente imóvel em tronco de árvore, disfarçada.
Era feia, tinha um "bocão"e olhos de coruja.
Eu tinha medo que ela levasse meu pai ou minha mãe,
com seu anuncio de morte.
Meu pai me dizia que fazia muitos anos que ela ali cantava
e nada acontecera.
Dizia que daqui a pouco ela iria embora para outro lugar
caçar insetos.
Eu já adulta ouvi o cantar da "Mãe da Lua", uma experiência
que eu queria ter e meu pai me chamou no terreiro.
De modo mais discreto eu a senti como fantasma.
Segurei o braço do meu pai e chamei para entrar em nossa casa.
Ela até que poderia ser para nós "Mãe da Lua".
Mas a tradição nos passou como "Mãe da Morte",
menos cruel que a Rasga-Mortalha, que completava
as estórias de anunciação da morte em nosso meio.
Um Cariri cheio de coisas para contar e até para ter medo.

CHAMEGO DE PAZ

                                                            Foto: Alessandra Nogueira
Este chamego dentro das folhas
sempre dá o que falar,
o que beijar, o que amar...
Brancas nuvens, brancas borboletas.
Mostram as suas veias cinzentas.
Com as suas antenas cochicham carinho, sedução...
O lugar é fenomenal para se amar.
Que privilégio! no verde e ao ar livre.
A delicadeza vence qualquer dificuldade de se amar
nos galhos verdes do campo.
Aconcheguem-se mimosas borboletas.
Formem um coração branco cheio de ternura,
onde o amor transborde e a natureza
nos traga esta possibilidade: de PAZ.



GODOFREDO

                                                                Foto: Internet
Quem disse que só gente pode desfilar em passarela?
Sou alerta, esperto, elegante e quase aprendi a dançar balé.
Surpreendo as gatinhas com meu olhar azul e outro amarelo felino.
Sou bem cuidado e fiel a uma gatinha sapeca que eu fecho os olhos.
Gosto de pousar na mídia.
Meu cavalheiro nome é Godofredo.

domingo, 27 de maio de 2012

PEQUENINOS BEIJA-FLORES


                                                             
                                                               Fotos: Picasa  (Walfredo)        
Sempre tive um espírito encantado pelos beija-flores.
Convivi na infância com eles, principalmente, nas visitas destes
as papoulas da minha casa na serra da Chapada do Araripe,
no município de Porteiras - Ceará.
As suas velocidades me aborrecia, pois eu desejava apreciá-los por mais tempo.
Gastando tanta energia, eles tinham pressa de colher o néctar doce,
com velocidade de 30 a 70 km por hora.
Beleza ímpar, sendo a menor, a mais rápida e a mais charmosa ave do mundo.
Todas as espécies existentes de beija-flores são graciosas.
Os índios Tupis nominavam-os de “guainumbis”, que significa “pássaros cintilantes”.    
Seu canto é agudo e rápido, quase inaudível, mas eu já o escutei.
Afirmam que o inventor do helicóptero Igor Sirkorski pesquisou
de forma contínua o voo dos beija-flores para auxiliar na sua criação.
Porém, a máquina não voa de cabeça para baixo como a ave.
O beija-flor é capaz de voar também para trás, em parafuso e em
cambalhota. Que espertinho!
Não há como não se encantar com as aparições destas pequeninas
aves que beijam.   
Beijar flor é ser portador de carinho da natureza.
Para beijar flores é preciso ser cintilante e belo como achavam os índios.
Roubar o beijo e partir para outros jardins e árvores a procura de insetos.
Partir apressado é sempre uma forma de desejo da sua nova presença.
Imagine ter beija-flores tocando nas mãos, como se brincassem de roda.


LINDEZA INCOMUM

                                                            Foto: OLHAR ANIMAL
Será uma cachoeira?
Uma calda de vestido de noiva?
Um pavão branco, incomum, se mostra
com jeito de trapezista ou bailarino.
A cabeça firme se parece uma pomba,
porém com o leque narcísico próprio do pavão.
Uma lindeza de brancura em contraste com a mata.

AMOR ROMÂNTICO

                                                                      Foto: Picasa
O romantismo habita este lugar.
Cores serenas e luz delicada nos faz suspirar.
Presente flores rosa recém tiradas do canteiro, de tom sombrio.
Uma gaiola com portas laterais abertas,
pois o amor não sofre aprisionamentos.
O amor para além de romântico ele aquece a alma
de modo duradouro.
Ele é esta nova casinha com flores na janela,
este coquetel ainda não provado, com gosto de pêssego.
Ele é este espaço em que dois se dão.

sábado, 26 de maio de 2012

INCÊNDIO DE BELEZA

                                                               Foto: Norma Novais
Entregue ao sol entre as outras plantas.
De um vermelho vivo e pétalas fartas.
Incêndio de beleza em um canteiro serrano.
E eu a contemplar tamanha vivacidade.

Guaramiranga - CE - Hotel dos Capuchinhos.

UM AMOR QUE SE CHAMA NÓS DOIS

                                                   Foto e autoria do livro: Norma Novais
Histórias contadas,
momentos descritos,
datas recordadas,
poemas e violão.
Aqui se guarda uma história de amor
como marco de alegria,
não porque ela será esquecida.

(Norma e Wellington)

UM BRINDE AO AMOR

                                                                Foto: Norma Novais
Um brinde ao amor de tantos olhares,
de tantos beijos, de tantos caminhos,
de encontros e desencontros.
Um brinde com flores e champanhe,
regado ao que temos dentro de nós mesmos,
um pelo outro.

BELEZA ENALTECIDA


O olhar fala por si só.
O abrir das pétalas age por encanto.
Fico a olhar demoradamente.
As rosas refletem beleza no chão
e criam um aparente jarro no tapete verde.
A beleza faz o milagre de nos tornar bobos,
e, assim, nós a enaltecemos.

BOBAMENTE DEIXEI DE ELOGIAR

                                                           Desenho Internet -Blog Tia Tati
O hoje se foi calmamente,como um dia comum.
Dei uma volta sozinha no shopping.
Fiz três compras que programei.
Olhei as vitrines e alguns rostos bonitos que passavam por mim.
Na sua maioria crianças encantadoras.
Fui numa loja e tinha um aviso de mudança de endereço.
Lanchei sem pressa e pensando em pequenas bobagens.
Olhei para uma idosa com dificuldade de andar.
Mas seu rosto estampava um sorriso pleno.
E eu aproveitei para achá-la bonita, somente no olhar.
Não fiz o elogio pessoal, uma pena!
Parece que elogiamos somente quando temos interesse,
quando nos convém.
Meu Deus, que o mundo seja outro!
E as rugas daquela senhora eram bonitas no perfil dela.
E eu me calei.
Elogio é bicho raro no mundo tecnológico em que vivemos.
Será se nos embrutecemos? Será que nos dessensibilizamos?
O tempo é tão rápido, tão passageiro.
Não basta somente comprar e gostar do produto.
Basta também elogiar as pessoas, olhar para elas,
achá-las bonitas, delicadas, amáveis.
O dia deixará de ser comum.
A vida esticará um pouco mais em bondade.

Publicado no Jornal O POVO em 16/04/2012.

sábado, 12 de maio de 2012



SER MÃE – PRESENTE DE MAIO
                                                                   Foto: Picasa 
Nasceu Sophia.
Chegou em primeiro de maio, com 8 meses de vida.
A mãe, as avós, gostaria que ela nascesse no mês de Maria.
Sophia se antecipou, mas não foi tão rebelde assim.
É linda, é saudável, é reunião de alegrias.
É um sentimento transbordante, é vida.
É uma criaturinha de Deus que eu chamo de sobrinha amada.
Elaine e Alboino Neto, seus pais, estão alimentados por um amor
e uma experiência grandiosa, ainda mais sendo os dois médicos
e inaugurando a maternidade e  a paternidade.
Estão nos braços com o fruto desejado do seu amor matrimonial.
Uma pequenina onde este amor sentido é desmedido.
Nasceu Sophia.
Nome grego que significa SABEDORIA. Que lindo!Que dádiva!
Sabedoria também de ser mãe, que é um saber divino e carnal.
O útero agora se desfaz, passa a ser: braços, mama, carinho e cuidado...
Sabedoria que emana de Nossa Mãe Maria.
Presente de maio. 
Nasceu Sophia.   

Poema publicado no Jornal O Povo em 08/05/12, Jornal do Leitor, 
de autoria de Norma Novais Miranda.  

segunda-feira, 7 de maio de 2012

TEMPOS PASSANTES

                                                                 Foto: Internet
Fala vida.
Empenha-se em reverter as coisas
que parecem imutáveis.
Cuida dos nossos sonhos distantes.
Busca-os para perto de nós.
Dilui o aperto do íntimo do nosso coração.
Chega vida.
Socorre as mentes pequenas.
Aconchega e expande os nossos gestos solidários.
Treina nossa paciência.
Busca a quietude, a paz apesar de.
Chega vida.
Faz com que tomemos consciência do existir deste minuto.
Faz com que nossa comunicação cósmica se alie ao outro.
Eu a você, os viventes desta terra.
Faz-nos amorosos nesta pequena viagem.
Como seres carnais, mas também como seres espirituais em cena.

BOTÃO VERMELHO

                                                               Foto: Renata Monteiro
Eu me firmo no galho
com as gotas de chuva lindas feito orvalho.
Eu já me revelei vermelho e logo me abrirei ao mundo.
Serei, no jardim da Renata Monteiro, uma rosa vermelha só dela.
Na expressão natural da vida,
de se expandir bela,
eu  serei só dela.
Que me cativou.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O NARIZ DO PINÓQUIO

Foto: Norma Novais
Ah como a arte nos traz a meninice!
Este boneco parece falar comigo.
Personagem decorativa de um restaurante,
enquanto eu e meus familiares nos servíamos de pizza.
De madeira, de modelagem flexível.
O encanto reside no nariz.
Cresce e cresce.
Os adultos dizem perceber nas crianças as mentiras e o narigão crescendo.
E os pequeninos enxergam que todos os narizes
dos adultos são enormes como o do Pinóquio.
Os das crianças só crescem na imaginação.

TRAVESSIA DO TEMPO


Foto: Norma Novais 
Deslizar as mãos numa viagem de afeto
como quem opera a argila,
num ato de quem vive e deixa viver.
Ouvir o sutil cântico do pássaro ao longe,
como um vivente deste campo.
Enraizar os pés no chão,
numa conexão de equilíbrio universal.
Se surpreender com o outro,
no contexto do novo e do inesperado.
Gerar heterogeneidade.
Perceber a impermanência.
E irrigar os olhos,
num ato de compaixão.

Publicado no Jornal O POVO,
Jornal do Leitor em 01/05/2012.

domingo, 22 de abril de 2012

E NA VIDA NOS ACONTECE

Foto PICASA

Se um acontecimento daqueles invade a vida,
o que eu farei com ele?
Jogar fora,
driblar como jogasse bola,
sei lá!
Olhar para o escorrer das
águas do rio,
quem sabe se jorra uma ideia.
Olhar para aquilo que me acontece.
Pesar o tamanho da força para mandá-lo embora.
Espiar se posso arremessá-lo, quem sabe?
Verificar se posso lidar sozinha.
As vezes sim, quase sempre não.
Que tal o suporte de outra mão?


segunda-feira, 26 de março de 2012

ROSA VERMELHA

                                                               Foto: Picasa
O seu encanto é indescritível.
O seu vermelho chamativo e belo.
Deitada na natureza como que a espera de alguém.
Uma cena que me traz saudade.
Se alguém a deixou aí,
a Rosa Vermelha é dela.

FRESCOR DA NATUREZA

                                                            Foto: Renata Monteiro
Frescor de paz.
Rosa branca molhada.
Rosa sendo cheirada por um inseto.
As folhas seguram a beleza da água da última chuva.
Exposição de amor após as gotas do céu.
A beleza se refresca no jardim da Renata.

domingo, 25 de março de 2012

ROSA VERMELHA QUE CHORA

                                                      Foto: Renata Monteiro

Haverá licença para que uma rosa linda chore?
Lágrimas de pingos grandes escorrem.
Duas lágrimas e outras em potencial.
Embora bela, embora a vejamos sempre alegre,
os espinhos não a incomodam no momento.
O canal aberto é o lacrimal.
Logo a rosa vermelha de antigas lembranças.
Em pouco tempo a água escorrerá,
molhará a terra e a exuberância das pétalas aparecerão.
Ela tornará a ser uma dama vermelha
pela transitoriedade da vida.

CHICO CABEÇA CHATA

                                                Personagem Tavares - Ilustrador Cesar Lobo  

Chico maranguapense.
Chico cearense, que corre para o sul,
para explodir seu talento.
Para representar os cabeças chatas.
Poder criativo, homem do riso.
Aliás, de nos fazer sorrir.
De satirizar as realidades do cotidiano.
Da crítica política para quebrar as consciências ingênuas.
Chico que carrega vários chicos com ele: seus personagens.
Chico que telefona para a Dilma e a linha cai com a pergunta atrevida.
Chico que é cada um de nós.
Chico que mexeu com a nossa cultura e que não elitizou o humor.
Chico da Escolinha do Professor Raimundo: que gostava de educar.
Chico polêmico, Chico que ajudou a tantos humoristas principiantes na arte.
Chico que faz uma zorra total para nos fazer rir.
Chico que fará falta, mas que deixou uma bagagem gigantesca de superação,
criatividade, alegria, atrevimento...
Chico sempre em busca do novo.
Chico enchendo as telas de beleza, ultrapassando as palavras.
Chico que se foi e nos levou consigo, porque ele não sabe ser só.

Poema de homenagem a Chico Anísio publicado no Jornal O Povo,
página Jornal do Leitor em 04/03/2012. 

terça-feira, 20 de março de 2012

SONHO SAUDOSO

                                                                  Foto: Picasa
Meu coração machuquei.
De uma tonta saudade.
Que a noite se exasperou.
A sonhadora rolou,
ao sonhar vendo sua face.
Amassou todos os panos
em cima do largo colchão.
Quis cair, não caiu não.
Ficou sem abrir os olhos,
pro sonho ficar ali.
Você se demorando a partir.
E eu me demorando a chorar.

Publicado no Jornal O Povo, Jornal do Leitor, em 20/03/2012.

domingo, 18 de março de 2012

TROPICALISMO FÁLICO

Foto: Norma Novais

Flor tropical,
exótica,
de cor rosada,
firme consistência, 
vida longa nos jardins ou nos jarros de decoração. 
O seu formato é carnudo, lindo e encantador.
Viva o tropicalismo, o fálico, o que é belo e prazeroso!
Sem os horrores dos olhares puritanos.   

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PRECIPITAÇÕES





                                                        Fotos: Wellington Monteiro

O volume d’água se precipita pingo a pingo.
Numa beleza inigualável.
Gotas preciosas de se ver.
Uma gota, duas gotas, três gotas...
Um espetáculo natural a olho nu.
Lágrimas de chuva noturna e neblina da manhã seguinte.
Lágrimas de chuva que cai na terra trazendo alegria.
Imagens de uma beleza exuberantemente molhada.
Ao em vez de lágrimas, pela calmaria,
agora eu chamaria de orvalho.