sexta-feira, 22 de junho de 2012

ILUMINA


Luzes que me fazem despertar a alma.
Matam o escurecer.
Abrem caminhos para a meditação,
para o sagrado.
Opondo-se as trevas.
Fios aquecidos de vida.    

ENCANTO


Rosas ternas,
com as bordas de destacada cor,
me fazendo longamente e silenciosamente
contemplá-las.
As pétalas se entrelaçam
na feitura da beleza.
Que é só dela,
emprestada aos meus olhos.

MEU RENCONTRO COM O COLÉGIO N.S. DE FÁTIMA

                                                            Foto: Norma Novais
Era 1969.
Eu, menina, chegava a Barbalha para estudar
no colégio feminino Nossa Senhora de Fátima,
com 10 anos de idade.
Um colégio grandioso em tudo, na sua estrutura
física, no ensino, no aprendizado...
Em frente a rua, em arquitetura circular
no seu topo, a capela.
Na lateral a direita, a entrada das alunas.
O sino tocava anunciando o recreio.
Feiras de ciências, peça de teatro
O Pequeno Príncipe, do francês Exupéry,
onde representei a cobra no deserto.
Gincanas culturais, bandinha de música
infantil, onde eu tocava todos os instrumentos,
até a corneta. Soprava o toque de silêncio
com mais duas corneteiras.
Grandes escorregadores, descidas
soltas e prazerosas.
Aulas de arte onde se ensinava
a pregar botão em roupa,
fazer barra de calça e saia,
pintura em tecido...
No esporte, brincadeiras de petecas
e ping-pongue, as minhas preferidas.
Passeios no dia das crianças.
Nossa floricultura era o jardim da
casa vizinha ao colégio, colheitas
secretas.
A grande Diretora Irmã Cecília,
inesquecível.
Colégio posicionado em frente a Igreja
Matriz e ao mastro de Santo Antonio,
o padroeiro, a nos abençoar.
Datas relevantes? todas as alunas marchavam
nas ruas com bolas, bambolês, fitas coloridas,
cana-de-açúcar, banda infantil e "banda das
alunas grandes".
Desfilavam figuras históricas como Princesa
Isabel e o mundo imperial brasileiro.
Na copa do mundo de 70 enfeitamos o colégio
de verde e amarelo.
Reinava a inocência.
Os paqueras alunos do Colégio Santo Antônio
ficavam em frente ao nosso ou nos acompanhavam
pelas ruas a pé.
Usei a sainha pregueada até 1972,
vindo para Fortaleza no ano seguinte
para novas e boas experiências no Colégio da Imaculada
Conceição.



terça-feira, 19 de junho de 2012

QUASE UM NAMORO... (Artigo)



No térreo do elevador de um hospital entra uma jovem de 50 anos de idade, bonita, bronzeada, cheirosa, trajando uma calça jeans e uma blusa de malha. Visitaria um senhor amigo internado. Entra também no mesmo elevador um jovem de aproximadamente 45 anos de idade, bonito, sereno, desejando gentilmente boa tarde. A jovem sentindo um incômodo que se acentuava, disse: “por gentileza, você poderia coçar o meio das minhas costas, é horrível coceira de praia”. O jovem prontamente começou a coçar, parando rapidamente. Indaga: “passou”? Ela diz inquieta: “ainda não”. Ele volta a coçar mais forte, penetrando mais fundo nas carnes por cima da malha. Ele diz: “pronto”? Ela responde: “ainda não”. Ele voltou a confortá-la. Passou a cocá-la mais agilmente e intensamente como se beliscasse suas costas até próximo das axilas e o alívio foi chegando. O elevador se abriu de repente, a jovem desceu agradecendo e ele desesperado falava alto: me arranja seu telefone, seu telefone por favor, e o elevador se fechou. Por pouco a coceirinha deixou de arranjar um namoro. A jovem chegou ao quarto sorrindo do episódio e falando para as amigas. O jovem deu várias voltas de reconhecimento nos andares do hospital e nada. Sua paixão repentina não saiu do quarto, pois a coceira já havia passado. Talvez agora a necessidade fosse dele. Que desumanidade! 

Artigo publicado no Jornal O POVO, Jornal do Leitor em 19/06/12 - autoria Norma Novais

terça-feira, 12 de junho de 2012

ALÉM DO BEIJO...


A roupa ficou pelo avesso jogada na poltrona vermelha.
As taças de champanhe ficaram dentro do gelo, a esperar.
O ambiente era como se houvesse um tango a ser dançado.
O cheiro das flores estava nela.
O cabelo dele tinha um discreto gel que brilhava.
Luz baixa, pétalas, incenso e um abajur de cristais bege.
Havia algo duradouro além do beijo.
Havia um sentimento que se renovava feito broto de planta.
Lindo feito os galhos da cerejeira no pico da primavera.
E os cheiros se amaram sem saber se havia tempo para terminar.
Se havia dança.
Se havia champanhe.
Se havia outra estação além da primavera.

Poema publicado no O POVO, Jornal do Leitor em 12/06/12,
no dia dedicado aos namorados.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

BRILHO DO OLHAR

                                                                Foto: INTERNET 
O brilho do olhar é fazedor de histórias. 
Algo que se conta, mas essencialmente se vive.
Brilho que abastece o coração e faz fervilhar a alma. 
Alma carente de ti.

INCENDIADA PELA PAIXÃO

                                                                 Foto: Internet
Aconchegar-me em seus braços é uma vivência para os deuses.
Entre cores, luzes e perfumes, você é a exaltação de tudo de precioso que me rodeia.
Jogo pétalas em você para além do espírito de sedução. 
Jogo o meu olhar no seu e sou incendiada por incontidos desejos. 

BANDEIRA DE PORTEIRAS


Eis aí o símbolo de minha terra,
Porteiras do meu Ceará.
Emoldurado por cana-de-açúcar
e o grande astro a brilhar.

Eis a Chapada do Araripe, majestosa.
Como um caldeirão verde a pulsar.
Grande "Rainha das Chapadas do Nordeste", imperiosa.
Como filhos dela nos faz orgulhar

Eis 25 de março de 1955.
Proclamada a sua autonomia.
Tendo uma bela praça com este nome.
Marco de nossa cidadania.

Eis a sua bandeira
revelando os símbolos de suas riquezas,
a pecuária, o algodão, o milho,
e as moendas dos históricos engenhos que faliram.

Eis a verdade, da rapadura como seu grande esteio,
a grande marca, os seus canaviais.
Os engenhos de rapadura implodiram,
por falta de políticas governamentais.

Eis que o Cariri ficou mais pobre sem o apito dos engenhos.
A rapadura era um produto histórico e sócio-cultural.
A bagaceira se calou, chorou, patrão e trabalhador.
Silenciaram as moedas, as conversas e o barulho do curral.

Eis o baião-de-dois, o queijo de manteiga e o gostoso pequi.
O feijão de corda, as frutas dos sopés da serra, as tapiocas gostosas,
a farinha de mandioca, uma galinha caipira.
Tudo encontramos aqui.

Eis que o valor do seu povo é difícil noutro canto se encontrar
Hospitaleiro, alegre e trabalhador.
Ama a sua padroeira, carrega no ombro o andor.
Sua espiritualidade é recheada de amor.

Eis uma bandeira,
que se revela desfilando com sua imensa lindeza.
Harmônica, delicada e de cor bela
Mostrando as suas inúmeras riquezas.

Eis que no alto da sua bandeira
Porteiras é coroada como rainha com grande emoção
Pois tem uma divina padroeira.
Nossa Senhora da Imaculada Conceição.

Norma Novais Miranda - em 11/06/2012









 

CÂNTICO RASGADO

                                                                Foto:  PICASA
Três coqueiros na fazenda Ilha em Porteiras,
posicionados a três metros da biqueira da casa.
Um casal de Anun Branco fez o seu ninho num deles,
próximo a um cacho florido ainda não revelado.
Fez o ninho num tempo de sossego, de silêncio.
Também como se soubesse que lá não se permite mexer em ninhos.
Os pássaros escutam conversas de alpendragem.
Fizeram inúmeros voos construindo seu ninho.
Muitos beijos bicudos.
Mas na algazarra de visitas no alpendre
um Anun Branco sentado no fio do telefone,
desorganiza suas penas, se inquieta,
e faz um cântico longo, repetido e rasgado.
O outro traz borboletas e lagartas no bico.
Inúmeras viagens de nutrição.
Escutamos os gritos estridentes dos filhotes.
Pelo som, serão quatro, cinco?
Sentada no fio, como a rasgar palavras
de uma vigilante afiada no bico, será a mãe?
Armada num cântico de mãe prenha,
conservando sua espécie, ela gritava.
Meu pai, Sr. Alboino Miranda, com 89 anos,
casado com a natureza viva, diz:
vamos sair daqui meus netos, vamos para a parte de trás da casa,
enquanto os filhotes dos Anus Brancos almoçam.
Os netos entenderam este outro cântico rasgado de amor à natureza.       
O meio ambiente precisa ser respeitado a partir das pequenas coisas.
O homem cidadão que ama a natureza sabe que a Terra é de todos.
Podemos ser cidadãos verdes (não falo de partido),
verdes de amor planetário, não um ET (Extra Terrestre),
mas um Intra Terrestre real, cheio de amor pela Casa Mãe - A TERRA.

Poema Publicado pelo Jornal O POVO, Jornal do Leitor, dia 04/06/2012, on line.