domingo, 30 de novembro de 2014

ÁGUAS QUE CHORAM
















Água doce e salgada.
Dos lagos, rios, lençóis freáticos e mares.  
Chuvas que caem, água que evapora.  
Movimentos essenciais a vida.
Água, líquido mais abundante do planeta.
Ela nos banha, nos sacia, nos transporta,
nos refresca, nos batiza e  nos invade.
Poluição e desperdício a maltrata.
Aridez nas consciências.
Estresse hídrico.
Águas que choram.
Águas também que deixam de chorar.

INSANA BELEZA




















No ninho,o amarelo do astro que se põe.
O abajur solar.
O casal de pássaro alimenta seus filhotes
distraindo-se da exuberante natureza ao redor.
Os galhos secos noticiam a secura.
As barras do céu pintam uma obra de arte.
Mundo suspenso de insana beleza.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

PITANGA
















Pitanga, me leva ao teu sabor.
E ao teu desfrutar,
suspirar gosto de infância.
Fartura nos avermelhados e condensados galhos.
Movimentos infantis atirando carroço em quem passa.
Sugando o líquido vermelho.
Até nos embriagar de frutíferas brincadeiras.

REVELAÇÃO

















Exuberante beleza.
Palpitando em meus olhos.
A luz te revelou por inteira.
Despindo-te.
Tuas fascinantes pétalas
vestiram a minha alma nua.
Pudor estético.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

QUERER




















Quero me entregar a grandeza da vida
antes que o vento sopre o meu tempo terreno.
Quero te ter por perto
ao alcance dos meus leves sentimentos.
Quero estar presente no teu acordar mais preguiçoso.
Ouvir pássaros  que parecem me conhecer.
Quero dizer ao barulho do córrego que não descanse.
Adormecer os preconceitos do mundo que causam dor.
Quero me sentar numa pedra olhando o ao redor.
Fazendo o silêncio provocar cócegas em minhas memórias.
Quero que uma criança passe por aqui.
Deixe vivacidade nos meus olhos de adulta.
Quero recado dos ventos, dos tontos amores.
Quero reconhecer uma plantinha que coloquei no chão.
Pelo sorriso da flor que imaginei brotando.
Quero amigos presentes e ausentes.
Quero o amor em expansão.     

ADEUS PULSAÇÃO




















O amor cercou-se de solidão.
Nada balbuciou.
Não tirou o olhar de onde fazia sombra.
Não molhou o rosto para refrescar-se.
Não percorreu as estradas dos sonhos imaginados.
Não roubou beijos inesperados.
Não mais se perfumou.
Adeus pulsação.  

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

PASSEIOS DA MEMÓRIA
















Na altura da árvore
lições dos tempos passantes.
Lembranças que perambulam.
O caule se robusteceu.
Os pássaros são novos viventes.
Os cheiros são os de agora.
Os pensamentos pouco inocentes.
As estradas carroçáveis no mesmo itinerário.
Só se é possível fotografar o presente.
O outrora majestoso
só se movimenta na memória.    

FUGACIDADE




















Eu te abracei no sereno da noite.
Disseste palavras sussurradas com mel.
Os abismos pareciam aplanados por instantes.
Pela querença do teu olhar sedutor.
A chuva caiu sobre as velhas telhas.
O céu escuro apagou o brilho
do teu olhar no meu.