sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

UM ALTAR

                                                                Foto: Norma Novais

Outra década se despede.
Penso na efemeridade do tempo.
Amanhã será 2011.
Gosto da beleza e do frenesi dos fogos
nos céus das praias de Iracema e Copacabana.
Não necessariamente estarei de branco.
Não guardo sementes de uva pedindo riquezas.
Sai a escolher uma paisagem que me traga
uma bagagem de uma paz frouxa,
um branco quase vestido de dourado,
algo que lembre a minha frágil humanidade
e que me mobilize para ter a coragem dos caminhantes.
Na terra pernambucana dos meus ancestrais
busquei a obra de arte que me traz o sagrado.
Um altar.
Um velho altar que me faz nova,
com uma paz frouxa.

IGREJA EM OLINDA - PE.

FIOS DE OURO DE CIDADANIA

                                                                   Foto: Internet
Um ano se rompe,
a champanhe se abre,
exigindo de nós viventes
fios de ouro de um mundo melhor.
Ouros de cidadania.

CRUZEIRO DE ANO NOVO

                                                Foto: Presente de Patrícia Sampaio

Uma amiga presenteia-me com uma foto.
Um cruzeiro.
Fala de silêncio,
de tempo,
de meditar,
de contemplar,
do amor e da vida.
Fala de compaixão e de misericórdia.
Fala em se retirar para um monte para orar.
Fala em um novo ano carregado de surpresas.
Cruzeiro Saloá (PE).
Diante dele renovo meu olhar,
meus propósitos, minhas orações de ano novo.
Diante dele, paro em meu silêncio de contemplação.

Foto: Pat Sampaio -Saloá - PE

VIDA INTERIORANA

                                                             Foto: Norma Novais

Algo simples se escora no portão de entrada da casa da fazenda.
Um saco com inúmeros milhos verdes.
Naquela caminhada matinal olhei aquele encanto de ninguém,
gesto tão simples, tão diferente da cidade grande.
Seria rotina? Seria presente? Seria encomenda comercial?
Senti no meu coração o sabor da vida interiorana.

Fazenda Ilha - Porteiras -CE

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

ERA UMA VEZ UM COCO VERDE

                                                              Foto:Norma Novais 

Era uma vez um coco verde e uma rede de algodão.
Era uma vez umas risadas e águas compartilhadas.
Era uma vez um coco verde no alpendre.
Era uma vez um coco verde a espera de pedaços de rapaduras.

DUPLA SENSAÇÃO

                                                                Foto: Gracinha Novais 
Este jasminzeiro é quem primeiro nos acolhe na chegada do jardim daquela casa serrana do Sítio Saco.
Este jasminzeiro, em dezembro redobra a saudade por exalar o perfume que era tão dela.
A dupla sensação de amor: a existência do jasminzeiro, o aroma do jasminzeiro, é a presença dela, enraizada e inalada.
É uma saudade falante na sabedoria da natureza.
É uma dupla saudade filha do amor cultivado.
Que exista o jasminzeiro, que eu inale o seu cheiro, que eu sinta a saudade.
Saudade filha do amor.
Amor que sabiamente a abranda.
Sítio Saco - Porteiras-CE. 

PAIXÃO DE PRIMAVERA

                                                               Foto: Norma Novais  

A beleza rosada das flores quebra a aparente solidão da praça porteirense.
Sentei-me no banco da praça para o ato de apreciação.
Depois fiz o registro fotográfico no meio da quieta rua.
Senti quietude na paisagem e em mim, nesta ordem.
Paixões que a beleza aflora, num pequeno e lindo arbusto,
na via pública.
Desejei aquele arbusto no meu quintal
para usufruí-lo de mais tempo no olhar.
Desejei aquele arbusto na mata, cercado de mais verde ao redor.
Por fim, desejei mais fortemente aquele arbusto ali,
para que outros transeuntes como eu se apaixonassem.
Paixão de primavera, afinal era outubro.
Pequeno arbusto,
pequena cidade natal.
No dia seguinte fiz outra visita primaveril ao local.
As flores rosas olharam para mim com ar de familiaridade,
como se já esperassem aquele novo encontro.

 Praça cidade de Porteiras-CE.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

REBROTANDO

                                                          Foto: Janine Novais   

Tropecei nas imperfeições do amor.Esqueci da fugacidade desta vida.Faço o difícil caminho de volta, de regar a terra sequiosa,de adubá-la, de fazê-la brotar pela renovada capacidade de amar e ser amada.   


Porteiras-CE.  

AROMAS


                                                                  Foto: Norma Novais


Achei nas flores um encanto de doce combinação
com você.

A natureza esbanja beleza, sensibilidade e ternura incontida.
Você e as flores se confundem, soltam aromas de vida.
Você é meu jardim florido.



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CLOROFILA DESFILANTE

                                                                 Foto: Norma Novais

Através do teu verde quero ver a paisagem lá fora.
Encobre-me com tua clorofila desfilante.
Faz-me parar aqui apreciando o simples e o natural.
Abre-te ao mundo embriagando os meus sentidos.
Quero soltar os segredos, os sonhos, os medos,
as lembranças, as paixões.
Escancarar a alma escandalosamente.
E nesta tua beleza estonteante,
abre o meu peito em leques de esperança.

Fazenda Ilha em Porteiras-CE.

LANÇAS DE BELEZA

                                                               Foto: Norma Novais

A natureza te desenhou com lanças de beleza.
O pontiagudo encerra-se com espinho
fazendo o perfeito acabamento.
O branco faz borda elegante ao suave verde.
Vives uma aparente solidão naquele campo.
Espreguiçando-se ao sol,
sugando docemente a seiva porteirense.

IPÊ BRANCO




Fotos: Norma Novais

Esbanja a tua beleza a provocar suspiros.
Expõe teus cachos frondosos de brancas nuvens,
renunciando as verdes folhas.
Transforma a praça porteirense em obra de arte,
num natural show primaveril.
Reconhece-te filho da terra araripana
de sopé de serra.
Deixa que o vento faça tanger as tuas flores,
soltando-as ao chão no espaçoso tapete branco.
Logo ficarás com galhos secos,
a espera de potenciais shows de beleza.

Praça Luis Caldas Campos - em Porteiras-CE.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

TOQUES

                                                                    Foto: Mariana

Beijo de bailarina
vestida de luz,
encantando-se com o roxo primaveril.
Movimentos de vida,
como se pétalas de rosa fosse.
Toques, beijos, movimentos...
Passeios de puro viver. 

LEQUES DE VIDA

                                                           Foto: Mari Monteiro Lima
O crespo se faz roxo,
se faz lilás.
O belo estaciona ali em leques de vida,
como saia de dançarina.
Folhas da terra,
multicores,
fascinando meu olhar.
Divina beleza.

Rio Grande do Sul.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

JUVENTUDE PORTEIRENSE


Foto: José Rodrigues  

O vigor da juventude porteirense
canalizado através do esporte.
São forças que elevam a vida,
cria sociabilidade,
orgulho de si.
Gritos jovens de cidadania
no meio da rua em exaltação a pátria
que precisa se erguer a partir da mobilização da juventude.
Fiquemos com brilho nos olhos,
respirando esperança.

Comemorações de 7 de setembro na cidade de Porteiras-CE,
região do Cariri.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

ROMÃZEIRA

                                                               Foto: Norma Novais

Logo percebi o vigor daquelas pequenas florzinhas de cor laranja.
Pareciam conhecidas minhas, na doce infância.
Coloquei o jarro no banco e fui olhando.
Enganei-me quanto à espécie.
Não a percebi medicinal mesmo com a rica floração.
Minha mente não se deslocou àquela horta da infância,
onde vi tantas vezes a fruta milenar crescer e ser colhida.
E dela desfrutei de tantas curas,
divertindo-me com as sementes vermelhas tão docinhas.
E se agora te identifico na memória,
quero ver-te uma linda e exuberante romãzeira.

Foto em Brejo Santo -CE.

FORMIGUEIRO

                                                             Foto: Norma Novais

Sentei-me na grama a contemplar obra tão pequena e linda.
E imaginei quanto trabalho para o preparo da morada.
Formigas transitavam sem se importar com a minha presença.
Presente a curiosidade de perceber os espaços interiores
destas pequenas e ativas arquitetas.
Ganho meu tempo a pensar quanta terra carregada por minúsculos
corpinhos.
Tudo sem escavadeiras e em trabalho cooperado.
Uma obra em círculo como a roda da vida.
Desejei que minha morada fosse no chão e não em arranha céu.
E que fosse em círculo e sem tranca na entrada.
E nesta simples contemplação,
lamentei a minha espécie não ser tão evoluída.

Em Brejo Santo-CE.

JARDINEIRA

                                                                     Foto: Norma Novais                

Preciso de uma janela com uma jardineira.
Que me mostre lá fora o verde horizonte do campo.
Que acenda a minha alma com flores vermelhas.
Que eu sinta que nesta manhã o lugar foi visitado por borboletas,
beija flores e olhares de beleza.
Que eu me demore naquela janela.
E o vento possa tanger meus pensamentos.
Que eu veja ao longe o flamboiã florido.
E ouça de perto os urros das vacas leiteiras.
Que o meu olhar acompanhe os deslocamentos das folhas dos coqueiros.
E as minhas saudades me toquem com mansidão.
Para que eu me demore naquela janela,
os instantes em que a vejo bela.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

CHEIA DE TI

 Você serenou meu coração nas procuras que a vida me instigou.
Tudo ficou atemporal,
vivo,
forte
e cheio de desejos.
O meu interior ficou cheio de ti, em transbordamento.

Foto por Wellington
Cachoeira do Luquinha - Delfinópolis-Minas Gerais.

PROFUNDO

                                                                    Foto: Internet

O eu se dispersa em perdidos pensamentos,
escondidos nas sombras da noite,
em movimentos solitários e descompromissados.
Fico na superfície, sem palavras ditas.
Passeios à toa.
Bom perambular só olhando este horizonte próximo.
Sem aprofundamentos, sem mergulhos.
Assim o mistério é vencedor,
não compete comigo, nem eu com ele.
Mundo encoberto, pequenas erupções.
O profundo continua no fundo.
Lugar privilegiado de segredos.

sábado, 14 de agosto de 2010

ONDAS DO VIVER

                                                              Foto: Norma Novais

Olhar e ouvir o jogar das ondas nas pedras.
A aparente agressividade da vida.
Vem e retorna, sempre desigual.
O meu coração também pulsa sentimentos
indo e vindo, sempre desigual.
Se embaraçando nos movimentos do viver.
Meu olhar se desloca na grandiosidade do mar.
Fica na superfície do belo.
O mar profundo é desconhecido e surpreendente.
O meu ser profundo é misterioso.
Ele se revela nas ondas do viver.


Foto da Praia do Forte - Bahia - PROJETO TAMAR.
Poema publicado pelo Jornal O Povo em 14/08/2010,
página Jornal do Leitor.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

ARTESÃOS DA VIDA



                                                 Foto: Anaí Tavares e sua equipe da Pestalozzi.

Sopros de vida da arte.
Cada detalhe traz um todo de beleza.
Educandos que superam limites,
no jogo de pontos,de cores, de tinta e amores.
Tudo emana vida,
cria asas, anjos e ação amiga.
A arte nos faz ver, escutar, andar,
sentir, pensar, tudo num só idioma.
Idioma do amar, do acreditar, do superar.
Anjos que voam sem pensar em cair.
São anjos que sonham, anjos atrevidos,
que formam cidadãos do mundo,
com suas incompletudes,
como cada um de nós.

Dedicada Anaí Pereira Tavares.
Trabalho de arte da Pestalozzi de Porteiras,
pintando a vida com cores da superação.

JERI

                                                 Foto: Andressa Correia Vasconcelos

Fios de fogo soprados ao vento.
No fundo, prateadas águas encontram-se
em contraste: fogo, água, luz e escuridão.
A vida se revela e se apaga na praia.
Esplendor em Jericoacara.
Algo se banha e se queima.
Algo arde, algo se vai.
No final fica a sonoridade do mar,
o pratear escondido,
até que a lua tome o lugar do fogo.
Tudo efêmero.
Mas a lindeza deste momento
traz algo de beleza eternizada.

Jericoacoara- CE

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

URGÊNCIA

                                                                 Foto: Internet

Um aparente repouso criativo na insônia.
Inquietos pensamentos filhos da noite.
Senso de urgência.
Não quero algo só depois de amanhã...
Não quero o assim que eu terminar...
Eu não quero o assim que as crianças crescerem...
Eu não quero o assim que eu puder me afastar...
Não quero contemplar a paisagem linda só depois da curva.
Qual a medida do meu tempo?
Irei me demorar demais no mundo?

PAIZÃO

                                                                   Foto: Internet

Ele é pequeno na sua estatura e gigante por dentro.
Os seus gestos, os seus pensamentos estão conectados à natureza.
A sua vida casada aquele lugar, aquela terra, aquela cidade, aquele povo.
Ele conhece cada palmo daquele chão.
Os seus cabelos brancos contam muitas histórias.
A seu jeito simples aproxima a todos.
A sua disponibilidade o põe na linha de dedicar-se ao outro.
Ele plantou e semeou muito naquele chão.
Ele planta essencialmente seu exemplo enquanto Ser.
E se inspira no cotidiano ao olhar para a Chapada da Serra.
E se irmana com o frio e com o verde do canavial.
Fez muitas moagens, revirou inúmeras vezes aquele solo bom.
A sua casa sempre muito acolhedora.
A sua face conselheira.
As suas raízes familiares dignas.
A sua sabedoria pulsante.
Alboino Miranda Tavares: mergulho no grande privilégio da minha filiação.

Poema publicado dia 07/08, no Jornal O Povo,
página do jornal do leitor, edição especial do dia dos pais(sem esta foto).

domingo, 18 de julho de 2010

DO CÉU A TERRA

DO CÉU A TERRA


                                                               Foto: Karin Pereira

No sopé da serra porteirense
uma visita de cores que beija o chão,
o capim molhado.
A paisagem embriaga nossos olhares.
Aquele instante de cores
fugirá como o voo de um pássaro.
O céu beija a terra de forma multicor.
O arco-íris precipita-se para sentir
o aroma dos eucaliptos serranos.
Cores e cheiros,
cumplicidade de beleza.

domingo, 11 de julho de 2010

9º FESTIVAL DE QUADRILHAS DE PORTEIRAS-CE





                                                             Fotos: Norma Novais

Começa a animação no araiá porteirense.
O festival se balança, ganha cores.
Reverencia Santo Antonio, São João e São Pedro.
Exalta a coragem de Lampião, Maria Bonita e seu bando.
Coloca a caatinga dentro da quadra.
Prestigia o Rei do Baião.
Resgata a dança do côco.
Retrata a dureza da seca, os dramas dos nordestinos.
Dramatiza casamentos matutos feitos a força,
com padre e delegado, peixeira e espingarda.
As canções juninas se soltam da boca dos jovens
com alegria contagiante.
A fogueira no centro da quadra lembra os terreiros juninos.
As jovens com saias largas e coloridas jorram graciosidade,
cortejadas por seus pares.
Há um espírito verde e amarelo na decoração
saudando a copa, o futebol.
Os passos da quadrilha contagiam a todos.
As solteiras pedem a Santo Antonio para saírem do caritó.
Tudo é soltura, alegria, simplicidade e vida.
Festejos juninos que animam a alma interiorana.
Celebrando os santos, os costumes, o sertão,
a fartura e a riqueza da tradição popular.
“Olha pro céu meu amor...”


Festival interestadual, ocorrido no período 26 a 29 de junho de 2010,
com 16 quadrilhas participantes, obtendo o primeiro
lugar a quadrilha FURDUNÇO da cidade de Altaneira-CE.
Secretaria do Trabalho e da Assistência Social - SETAS-
Prefeitura Municipal de Porteiras.

sábado, 10 de julho de 2010

O BALANÇO

                                                                   Foto: Internet

Uma pequena tábua com duas cordas.
Um jogo do vai e vem às alturas.
Um que empurra e o outro que segue.
Um revezamento para as rápidas viagens
do cá e do lá.
Outros que esperam a vez.
Um começar lento e o aceleramento gradativo.
Um grito prazeroso nas alturas.
O ruído da corda no galho da árvore.
Os cabelos ao vento.
Uma algazarra.
Uma fila.
Um espetáculo de se lançar aos céus.
O chão marcado pelos pés que freiam.
Um universo infantil do ir e do vir.
Movimentos de vida.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

LINDA CHAPADA


                                                             Fotos: Norma Novais

Fala a beleza da Chapada do Araripe,
como um caldeirão verde e efervescente.
Terra das minhas raízes,
chão porteirense,
com cheiro de mato,
atravessada pelos riachos das nascentes.
Antiga morada dos canaviais.
Cercada pelas abas da serra,
sem esforço algum,
dá suspiros de boniteza.

CAMINHANTES



 
Foto: Norma Novais

Na estrada da existência,
foram e são tantos os ensinamentos,
os conselhos, as conversas.
A cada passo dado,
um ouvir atento, um entrelaçamento amoroso.
Cabelos brancos que falam com sabedoria,
estrada afora, abrindo trilhas.
Caminhando lado a lado
cercados pelo verde.
Passos de desmedido amor filial,
fazendo passagens, com terra nos pés,
em um solo seguro.
Alboino e José Novais,
passo a passo,
amorosamente caminhantes desta vida.

Porteiras- CE.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

MUNDO FASHION DA NATUREZA

                                                            Foto: Norma Novais

Nossos jardins caririenses se prezavam
pela presença da trepadeira jasmim.
Beleza multicor, perfume adocicado, farta floração.
Nosso espírito de criança introduzia o filete da flor
a outra flor...
Fábrica de bijouterias:
colar, anel, pulseiras e até coroa de princesa.
Desfilávamos no meio dos adultos
a provocar aplausos.
Rico mundo fashion da natureza.

ROSAS NA NOITE

                                                                 Foto: Norma Novais

Que mistério é este guardado pela noite?
O romântico trio de rosas traz no seu galho
algo não revelado.
O efêmero que voa e a beleza que estaciona na foto.
As pétalas partiram no correr do tempo.
As rosas ficaram no encantado click digital.
Elas, na sua beleza,
trazem até mim o mistério daquela noite,
que se eterniza no agora.

Messejana

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ONZE HORAS

                                                          Foto: Norma Novais

Encontro marcado com a onze horas.
Canteiro pleno de sol, querendo mostrar-se.
Pequenas folhas carnudas e suculentas.
Florescimento pink vistoso, como quem quer amar.
Atrelada a jardineira no verão e na primavera.
Beleza, calor e hora de encontro.
Presentear alguém com onze horas
é uma confissão de amor.

domingo, 20 de junho de 2010

MEU PEQUENO RIACHO DO SÍTIO SACO

                                                              Foto: Eliane Novais                        


Oh meu pequeno riacho!
que deságua na estrada carroçável,
com águas límpidas e frias,
serpenteando da nascença da serra do Araripe,
pela força da gravidade.
Oh meu pequeno riacho corredor!
conservaste as pedras onde coloquei
meu bumbum na doce infância,
sentindo as piabas beijarem meus minúsculos e inquietos pés.
Oh meu riacho moldurado de verde!
que cochicha comigo em cumplicidade,
sentes saudades do ronco do engenho de rapadura,
do cheiro do mel da cana,
das passagens dos cambiteiros por dentro tuas águas,
da algazarra das crianças vindo da escola,
do choro das chuvas da cabeceira da serra.
Oh meu apressado riacho!
que oferece umidade ao plantio de banana prata,
enfeita-te também de roxas flores silvestres,
visitado por faceiras borboletas,
escuta as histórias de amor dos caminhantes a pé.
Oh meu feliz riacho!
que suaviza minha alma com teu desaguar sereno,
oferece-me a mágica de me transportar da cidade grande
para o teu ninho de amor choroso,
fazendo o batismo nos meus pés de adulta.
Oh meu saudoso riacho!
deste dadivoso chão caririense,
de onde também fiz minha nascença,
conserva-me apaixonada por ti,
na tua distância ou na presença.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

QUEM SERÁ ESTE POETA?

                                                               Foto: Norma Novais

Quem será este poeta de prodigiosos versos clássicos?
Quem será este poeta que penetra no mais fundo sentimento
humano ainda com a face tão jovem?
Quem será este poeta que brinca com as palavras e as extrai do
mais profundo dos mundos?
Quem será este poeta que distraído esconde nas suas gavetas
preciosos versos de amor?
Quem será este poeta que canta a arte e dedilha as cordas do
seu violão como algo que não pode ser contido?
Quem será este poeta que encanta minha alma,
fervilhando brilho no meu viver?
Este poeta se esconde nas entranhas da arte,
na efervescência dos versos solitários,
nos esconderijos férteis do seu pensar romântico,
nas sombras das noites de lua cheia.
Este poeta esconde seus versos nos sorrisos,
nos embaraços dos seus sonhos,
no brincar com as crianças,
na simplicidade do seu ser interiorano.
Quem o olha, quem o sente, sente sua arte
e clama revelação.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

JEITO DE SER

                                                              Foto: Norma Novais

Sou mato, sou verde, sou paisagem.
Sou caminho de terra.
Sou riacho, sou capim.
Sou bananeira, sou siriguela madura.
Sou pássaro solto, sou vento, sou frio.
Sou coqueiro a beira da estrada.
Sou ouvinte do chocalho do gado.
Sou menina de engenho.
Sou índia cariri, sou araripana.
Sou do sítio saco.
De porteira aberta pra vida interiorana.

Porteiras-CE.

BAMBUZAL DA SERRA

                                                              Fotos: Norma Novais

Perco o meu olhar no verde do bambuzal da serra.
O cheiro do mato me faz estacionar ali.
O eucalipto solta o seu aroma no sopro do vento.
O bambu fincado em raízes profundas,
traz lições de vida.
Algo se renova em mim e na natureza.
Amplio o horizonte do meu olhar.
Deparo-me com as abas da serra araripana.
Paisagem de intimidade, solo de infância.
O bambu me traz a doce cana-de-açúcar.
Posso ver ao longo o velho engenho de rapadura
em silêncio.
A saudade comparece em mim.
O amplo e vivo verde traz seiva ao meu viver.
Sou saudade e presença.
Finco os pés nas minhas raízes
e ao mesmo tempo dou adeus.

ALAMANDA

                                                                Foto: Norma Novais

Exuberante cor de luz.
Surge na axila das folhas.
Pétalas recortadas arredondadas.
Gosto pelo dia ensolarado.
Faz festa na sacada do jardim.
Mostra-se bela como se fosse eterna.
Acolhe o frio serrano como parte de si mesma.
Escuta as risadas das crianças na calçada.
E a melodia das cordas de um violão.
Guarda os segredos ali sussurrados.
E escorre uma lágrima do sereno.
Suas folhas dão lições de vivacidade.
Sua singela beleza
não inveja o perfume do jasmim ao lado.
Alamanda, filha da luz.

BOUGAINVILLE

                                                            Foto: Norma Novais

A beleza natural transborda
no império do contraste.
O jardim vibra como se estivesse em festa.
O olhar de nenhum vivente passa despercebido.
O florescer da bougainville embriaga nossos sentidos.
A natureza inaugura o frio de junho que desce da Chapada do Araripe.
Um jarro reverencia a vida.
Não um jarro qualquer, em um jardim qualquer,
em um lugar qualquer.
Chão meu, chão nosso, quase urbano,
banhando-se do rural.
Bougainville da Fazenda Ilha.
Não uma beleza qualquer.
Não em um jarro qualquer, em um jardim qualquer,
em um lugar qualquer.

Porteiras-CE.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

SUA MAJESTADE A CHUVA

                                                                        Foto: internet
Ouço o som da chuva.
Ela tem o seu jeito particular de chegar.
Tem o seu jeito único de se mostrar.
Ora de forma branda.
Ora inconseqüente.
Ora oscilante.
Faz sons nos telhados.
Preenche as biqueiras das casas.
De repente se faz cachoeira.
Ela corre para o leito dos rios.
Corre para o planeta das plantas.
Ela robustece os oceanos.
Volumes de amor e tempestades.
Ela evapora.
Ela é doce e pode tornar-se salgada.
Quando se zanga cria nevoeiros.
Ela vem do conflito das nuvens.
Ela provoca a que abrigos sejam buscados.
Ela refresca-se no vento.
Ela é queda livre.
É viajante.
Ela é doadora.
É força nutritiva.
Cai na penumbra da noite ou na luz do dia.
Cai sobre geleiras ou sobre o sertão estorricado pelo sol.
Ela liquida a sede.
Ela potencializa a vida.
Ela é majestade na natureza.
Ela é essencialmente feminina.

Poema publicado no Jornal O Povo em 24/04/2010, página Jornal do Leitor (com outra foto).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

FESTEJOS DE LUZ

                                                               Foto: Norma Novais

Lírio e rosa...
Num mesmo campo de luz.
Elegante festejo.
Numa fértil quietude de beleza.
Lírio e rosa...
Combinações de vida.