sexta-feira, 23 de maio de 2014

CENA PRIMAVERIL


















O meu olhar se abastece de luz.
Florescimento da alma.
Que passa desajeitada.
E esbarra numa cena primaveril.
Suspira beleza.
E suspeita de tua presença.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

FALANTE SURPRESA


















Ao teu encontro.
Atravessando fronteiras.
Nada de límpido céu.
Passos miúdos.
Desejos mudos.
Flores a te celebrar.
Falante surpresa.
Murmurando em teus braços.

sábado, 17 de maio de 2014

VIAJANTE TEMPO















O tempo segue seus passos certeiros.
Reduzindo os créditos existenciais.
Do hoje se abastece.
Do momento reluzente ao alaranjado partir.
Fresco ou febril.
Alertando para percursos de qualidade.
Indagando sobre desapegos,
gestos de gratidão,abraços adiados.
Tempo, quero amar mais que depressa.
E quando estiver com meu amado, desaperceber-te.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

ROÇA DE FEIJÃO














Do choro do céu,
terra molhada.
Nos olhos do agricultor,
chuva de emoção.
Do fértil chão,
a explosão da semente.
Na paisagem porteirense,
moitas verdes de feijão.
No afundar da enxada,
músculos na labuta.
Na farta vagem,
grãos que se juntarão.
No saco da colheita,
feijão para o dia a dia.
No olhar do homem do campo,
riqueza vendida na feira.
Nas panelas caririenses,
apetitoso pequi com baião de dois.

COISAS MIÚDAS


















Apaixonar-me por coisas miúdas.
Um livro, uma rosa, um beija-flor.
Um pingo de chuva, um beijo de amor.
Coisas miúdas.
Nelas, não haverão disputas.
E no somatório,
a vida vibrará incontidas vezes.
Pouco a pouco.
Dando-se, abrindo o leque do viver.
Como no ato do brincar.
E o pouco me será muito.
De tanto amar as coisas miúdas.

sábado, 3 de maio de 2014

PROTEÇÃO DO AMOR


















A tua casa será a minha.
O teu abraço, correspondido.
O beijo será de nós dois.
Instantes molhados de amor.
Os nossos sonhos, misturados.
Nos nossos corpos, calor intenso.
Nas tempestades, apenas respingos.
Ampla proteção do amor.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

AMOR SOBREVIVENTE


















A beleza afogada em desejos.
Escondida dos raios de sol.
Numa perturbação encantadora.
Como quem despede um amor.
E ao tocar nos fios das lembranças.
Quer o amor sobrevivente.

RAPADURA DOCE MENINA





No íntimo, a doçura de ser menina de engenho.
O apito sonoro na fresca madrugada.
O cheiro do bagaço verde molhado.
A cana caiana espremida entre as moedas de ferro.
A garapa seguindo para o tanque grande.
As labaredas na boca da fornalha.
As músicas entoadas pelos caldeireiros.
O mel fervendo no tacho.
Na gamela, a maestria dos músculos do trabalhador.
Nas caixas de madeira molhadas, a rapadura.
Doce menina do mundo rural caririense.
Rapadura que não durou.
Foi-se embora a doce menina do engenho.
E a outra menina chorou.

PERFUMADA


















Fragrância de dentro e de fora.
Aquela de perfumados sonhos.
Aquela de encantados cheiros.
Que, afinal, se misturam em você.