quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PRECIPITAÇÕES





                                                        Fotos: Wellington Monteiro

O volume d’água se precipita pingo a pingo.
Numa beleza inigualável.
Gotas preciosas de se ver.
Uma gota, duas gotas, três gotas...
Um espetáculo natural a olho nu.
Lágrimas de chuva noturna e neblina da manhã seguinte.
Lágrimas de chuva que cai na terra trazendo alegria.
Imagens de uma beleza exuberantemente molhada.
Ao em vez de lágrimas, pela calmaria,
agora eu chamaria de orvalho.

UMA LÍNGUA D'ÁGUA


                                                     Foto: Wellington Monteiro
Uma língua d'água escorrega folha abaixo.
Fiquei admirada da sua sustentação,
que lentamente parecia que iria escorrer na terra.
Naquela manhã caia uma neblina fina.
A lente da máquina fez registros seguidos.
Uma gota d'água se precipitou no pequeno volume da folha.
A natureza é mesmo um todo vivo.
Uma pequena gotinha cria um fenômeno de repercussão global.
E eu assisto a este espetáculo aparentemente simples,
na complexidade da vida.

GOTAS DE CHUVA DA NOITE

                                                    Foto: Norma Novais

Ao passear por um jardim litorâneo,
vejo gotas de orvalho numa grande folha.
Engano-me, eram gotas de chuvas da noite.
A folha mesmo numa posição lateral,
sustenta minúsculas gotinhas aqui e ali,
como se contrariasse a gravidade.
Eu não me atrevi tocá-las.
Elas se precipitarão mais tarde,
evaporando-se com o calor do sol.  
Sai fazendo novas buscas de beleza. 

APAIXONAMENTO CARNAVALESCO


Oh feiticeira que me apareceu de súbito!
Naquele baile de carnaval que cogitei não ir.
No salão ela rodou a saia estampada,
acompanhada de um sorriso largo, lindo e belo.
Sorria como criança com algodão doce na mão.
Cantava uma marchinha, dominando a letra o os quadris.
Na cabeça umas trancinhas que se misturavam a tecidos estampados
se entrelaçando aos fios loiros.
Seria alguma sereia que havia saído dos verdes mares?
Não, era gente de verdade, e, ainda cheirosa.
Usava uma blusa branca com colagem de rendas cearenses.
Eu, estático, endeusado, atônito, sem fôlego.
Corri atrás da feiticeira que se deslocava rápido a sua longa mesa.
A angústia de perdê-la de vista era de morrer.
A vi novamente bebendo água mineral e falando com amigas.
Fiquei por trás de uma coluna a fitá-la.
Eu era um apaixonado desconhecido e com arrepios de gente boba.
Será se ela teria me visto? Acho-me bonito e estou elegante,
numa discreta vestimenta branca com amarelo, roupa emprestada.
No impulso do amor a covardia fica de fora.
Mas o cearense diz que não se pode ser “enxerido” demais.
Passei em frente aquele encanto de gente e joguei meu sorriso
pedindo licença para passar.
Algo nos olhos dela tremeu, face ruborizada.
Passei reto como se faz algo mal feito e não se olha o resultado.
Ela já havia pedido as amigas para procurar o camarada com cor de margarida.
Ela diz: ele acaba de passar, será da composição dos artistas? Vocês não o viram?
Achei por bem arranjar emprestado um chapéu preto tipo cartola de um amigo presente.
Ela passou e eu tirei uma das tiras coloridas de uma trança.
A feiticeira passou reto como se faz algo mal feito e não se olha o resultado.
Ela se foi, eu tenho que conquistá-la, senão o sino dá doze badaladas.
Senão as marchinhas se acabam.
Seria bom eu vomitar? Ou cair nas serpentinas sem querer?
Que covardia de um carnavalesco apaixonado, pensei eu.
Fui ao centro do salão lotado, apertei a cintura dela e larguei um beijo na boca.
Depois de ficar com fôlego eu a perguntei: como é seu nome minha linda?
Ela respondeu: sou Margarida, a sua feiticeira Margarida.

Publicado no Jornal O Povo em 18/02/2012

UM CHARME INCOMUM

                                                               Foto: Norma Novais 
A natureza se alonga em belas folhas espessas.
Um branco pó faz caminhos nas folhas protegidas
por espinhos em suas bordas.
A desarrumação das folhas pontiagudas  
traz um charme incomum.
E elas se espreguiçam de beleza aos nossos olhos. 

PEIXINHOS ENCANTADOS

                                                             Foto: Norma Novais
Num tanque de jardim um lodo verde.
Pequeninas criaturas a passearem.
Diversas cores e tamanhos.
Com seus charmes particulares.
Pareciam conversar.
Criaturas das águas.
Fiquei ali a me divertir, vendo-os.
Peixinhos encantados,
tornando-me criança.

VISITA NO CAFÉ DA MANHÃ

                                                        Foto: Wellington Monteiro
Saltos para aqui, para lá...
Um pássaro nos visita na mesa do café da manhã.
Buscava fragmentos de comida.
Ficava a vontade como um velho amigo conhecido.
Ia para as mesas de outros hospedes,
menos as que tinham crianças.
Fazendo a lindeza daquela manhã chuvosa.

Hotel Bougainville - Beberibe

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A FORÇA DO VENTO

                                                             Fotos: Norma Novais

No natural, o tecnológico.
No litoral cearense bons movimentos de massas de ar.
A força do vento gera energia eólica.
O ambiente nublado traz uma nostalgia vendo o parque eólico de Beberibe.
A força do vento fica inibida, mas os grandes cataventos
se mostram imponentes, grandões e produzindo energia limpa.
A mais limpa de todas as existentes.
Não sei se mais cara ou mais barata para o consumidor final.
Isto é pouco dito.
O Ceará tem 17 usinas eólicas em operação espalhadas em várias cidades.
O sopro do litoral traz os ventos dos mares bravios,
de localização privilegiada, quem sabe.
Beberibe, nas minhas andanças por aí,
seria você, pequena cidade litorânea, a terra cearense
dos encantadores cataventos rudimentares e dos
aerogeradores de alta tecnologia?

OS CATAENCANTOS DOS CATAVENTOS




                                                Fotos: Norma Novais  Beberibe -CE
O catavento tem a sua utilidade
de bombear a água do chão do poço para cima.
Mas algo mais me encanta na sua forma,
como se devesse ser brinquedo de criança.
Uns são coloridos, lindos, outros de uma cor só.
A intensidade do vento é quem manda neles
e aí vem a lindeza do girar.
Eles poderiam fazer parte do circo,
dos parques e do nosso brincar.

DESAFIOS DA NATUREZA

                                                       Foto: Wellinton Monteiro
Três cactos de tamanhos diferentes
se instalaram na calha de uma casa desconhecida.
Lugar de água que corre ligeiro, água de chuva,
que chega, que passa e cai rápido na biqueira.
Hoje choveu e eles com sede não estão.
Eu, num impulso de meninice desejei subir na casa.
Olharia de perto aquele fenômeno: teria areia, barro,
vegetais rasteiros na calha?
Ou seria mesmo como no sertão,
com água ou sem água, eles seguram o verde,
a secura, o castigar do sol com o charme de então.

DESEJOS

Foto: Norma Novais
Foto: Norma Novais
O céu se fez nublado.
O barquinho vinha devagar.
Tinha um casal a bordo.
Barquinho com preguiça de chegar.
Mar quieto, pequenas ondas vinham a areia beijar.
Desejei a quietude daquele mar, daquele barco a navegar.
Por fim, desejei meus pés vermelhos de na falésia andarem.

CONTRASTE

                                                                    Foto: Norma Novais
Parei o meu olhar ali.
Ora a ver a falésia linda, avermelhada,
obra da erosão marinha.
Ora a ver o barquinho ao longe,
que eu não sabia se ia ou se vinha.
Terra, água,céu, vento...
belezas grandiosas para esta vivente carnavalesca.
A minha música era a teimosia do mar, do ir e do vir.
Os pés na areia, andando meio aos paredões das falésias.
A fotografia na parte alta eterniza o contraste falésia x mar.
Através da lente da máquina fotográfica
eu via que o barquinho com um navegante vinha para a costa vermelha cearense.
Onde eu estava a olhar.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

BRINCADEIRA DE CARNAVAL


                                                                        Foto: Internet
Eu lhe encontrei entre marchinhas e serpentinas.
No alegre brincar do carnaval.
As mulheres do bloco tinham pequenas estrelas
coladas na face. 
As saias estampadas e camisetas brancas.
As roupas e os risos logo avisavam que era festa.
Vários dias onde se poderia dançar com alegria
na frescura da noite.
Mas naquela noite a criancice se espalhou no salão.
E retocávamos a maquiagem, fazíamos a hidratação.
As mulheres sorriam uma das outras.
Íamos para o salão e trocávamos olhares repentinos.
Você, inquieto, procurava no céu de tantas colombinas,
a sua estrela de carnaval.