segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ÁGUA




















Se ela me faz refrescar
e escorrega no meu corpo suado.
Se circula no meu sangue
hidratando a vida.
Se nas encostas das serras
desce para os pastos.
Se ela se faz bênção
na pia batismal.
Se com ela o mar se engrandece,
o rio se faz aquário.
Se com ela as turbinas giram
e a luz acende.
Se nas alturas ela tece véus de noiva
de puro encanto.
Se nos jardins ela faz brotar
da planta flores.
Se na chuva ela cai de mansinho
no solo estéril.
Se ela se esconde nos léncóis freáticos
como reserva de vida.
Se nela o desportista vence o campeonato.
Se com ela o meu chá ganha sabor.
Se minha terra sem ela se entristece.
Eu me rendo a ela com ardor.


INSANIDADE




















O ao redor escasso de esperança
se veste de densas luzes turvas.
Tudo se cala ante a insanidade.
Nem música, nem vinho, nem palavras soltas...
Flores e velas formam tapete de luto.
Os olhares tocam no improvável e na dor.
Silenciosos gemidos coletivos.
Nos destroços das cenas de horror.
Uma luz se revela por trás do vidro estilhaçado.
Dai-nos paz.