segunda-feira, 11 de junho de 2012

CÂNTICO RASGADO

                                                                Foto:  PICASA
Três coqueiros na fazenda Ilha em Porteiras,
posicionados a três metros da biqueira da casa.
Um casal de Anun Branco fez o seu ninho num deles,
próximo a um cacho florido ainda não revelado.
Fez o ninho num tempo de sossego, de silêncio.
Também como se soubesse que lá não se permite mexer em ninhos.
Os pássaros escutam conversas de alpendragem.
Fizeram inúmeros voos construindo seu ninho.
Muitos beijos bicudos.
Mas na algazarra de visitas no alpendre
um Anun Branco sentado no fio do telefone,
desorganiza suas penas, se inquieta,
e faz um cântico longo, repetido e rasgado.
O outro traz borboletas e lagartas no bico.
Inúmeras viagens de nutrição.
Escutamos os gritos estridentes dos filhotes.
Pelo som, serão quatro, cinco?
Sentada no fio, como a rasgar palavras
de uma vigilante afiada no bico, será a mãe?
Armada num cântico de mãe prenha,
conservando sua espécie, ela gritava.
Meu pai, Sr. Alboino Miranda, com 89 anos,
casado com a natureza viva, diz:
vamos sair daqui meus netos, vamos para a parte de trás da casa,
enquanto os filhotes dos Anus Brancos almoçam.
Os netos entenderam este outro cântico rasgado de amor à natureza.       
O meio ambiente precisa ser respeitado a partir das pequenas coisas.
O homem cidadão que ama a natureza sabe que a Terra é de todos.
Podemos ser cidadãos verdes (não falo de partido),
verdes de amor planetário, não um ET (Extra Terrestre),
mas um Intra Terrestre real, cheio de amor pela Casa Mãe - A TERRA.

Poema Publicado pelo Jornal O POVO, Jornal do Leitor, dia 04/06/2012, on line.  

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