Borboletas fazendo toques de lirismos. Elas saem por aí andarilhas feito os poetas ... beijando flores, beijando a arte. Deixo aqui flores e poemas.
segunda-feira, 31 de março de 2014
BELEZA APRISIONADA
A natureza refletida na arte.
Na transparência do vidro
o pôr do sol na praia.
Luminosamente beijando a areia
com ondas em movimento.
Genialidade de querer aprisionar a beleza
na tela fotográfica.
O lá fora aqui dentro.
Irrepetível.
TORRES FLORAIS
Delícia nascer ao pé de uma janela.
Ser olhada de modo suspirante.
E as hastes florais em torres de terno róseo
acaricia a vida.
Quebrando o cinza das paredes
e a escuridão existente no interior do rancho
e dos viventes.
BELEZA CELESTIAL
No céu e na terra beleza celestial.
Flor capilarizando o branco nas pétalas de terno azul.
A estonteante abertura ao belo.
Com os filetes pretos adornando o miolo primaveril.
Debutante da natureza.
Como se fosse única.
Irremediavelmente bela.
FEMININA
Feminina é a lua, a água,
a estrela, a chuva, a estrada...
Também a luz, a lágrima, a rosa,
a dança, a arte...
A paixão grudada ao gênero.
A árvore, a águia, a bênção,
a cachoeira, a borboleta, a compaixão...
Feminina é a vida
em seu resplandecer.
ALMA CHORONA
A tarde febril surpreende os ciprestes chorões.
Os galhos em longas franjas
despencam em secas lágrimas.
Num tom melancólico e belo.
Tudo em discreto silêncio.
Os ventos inibidos.
E eu a olhar esta natural tristeza sem motivo.
No chão, fios mortos oferecidos
aos pássaros construtores de ninhos.
Próximo, os altos eucaliptos
soltam cheiros milagrosos.
O céu avermelhado não é ingrato aos meus olhos.
Beleza incendiária.
Minha alma não consolada.
Chorona feitos os ciprestes
a escorrer os ilusórios sonhos.
domingo, 30 de março de 2014
SAUDADE CANINA
Capaz de um gesto de ternura.
Como se menino fosse.
O rabinho balança alegria ao acolher o cuidador.
Pendura-se nas varandas da rede.
Carrega sapatos.
De surpresa põe a língua no sorvete.
Acaricia os pés querendo afagos.
Brinca com bolas de gude.
Pequeno companheiro de caminhada.
Fica triste quando o olhar do dono despenca.
Brinca em dobro com as crianças.
Sente saudades se a partida aconteceu.
Profunda e demonstrada saudade.
SILENCIOSO ENCANTO
Flor da infância.
Exuberante criação.
Um ser em doce expansão.
Ativo, curioso e belo.
Menina que ora, que estuda,
que se descobre, que ama,
que brinca.
E se apoia na vida
em silencioso encanto.
sábado, 29 de março de 2014
PASSEIO VERDE
Passear no parque.
Ganhando o olhar no verde.
Ritualizada pelo cântico dos pássaros.
Estreitos e largos caminhos.
Riacho a correr apressado,
cruzando as águas.
Árvores fincadas pelo longo tempo.
A oferecer sombras e repouso vasto.
Banquinho para contemplar o ao redor.
Águas que escorrem na fonte
soltando desejos.
E mais passos dados,
descompromissados do tempo.
Pingos de sol
rompendo a copa das árvores.
Claridade benigna.
Empinadas palmeiras imperiais
contando histórias.
Um doce meio-dia
com cheiro fresco da manhã.
Cigarras em serenata.
O pau-d'arco que fica sem folha
para se vestir todo de flores.
Renúncia primaveril.
Passos e mais passos dados.
Um natural desejo de mãos dadas.
Passeio verde pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro/2013.
quinta-feira, 27 de março de 2014
LUTO E SAUDADE
A tristeza a escorrer na face.
Exteriorizando-se.
Sem aprisionar a dor.
O ser revelando-se de carne, osso e emoção.
A sociedade impõe controlar-se
e óculos escuros, disfarçando o sofrimento.
Tudo em curto-circuito cerebral.
O coração diante do real - a perda,
a impotência, o luto.
A presença da ausência.
O falar da dor, da sua extensão,
da sua cor.
Tocar lembranças, narrar histórias.
Compartilhar rituais de fé.
E seguir diluindo o luto a seu tempo.
Sem imposições externas.
Falando, chorando, recordando, celebrando.
Até que instale-se somente a saudade.
Ah, a saudade!
Aquela que não costuma despedir-se.
quarta-feira, 26 de março de 2014
VARIADOS PESOS
Peso da inveja.
Do estresse diário.
Da escuridão dos atos cometidos.
Peso por falar em excesso e ouvir menos.
Por querer muito acumular.
Por desqualificar o outro.
Peso por julgar rápido.
Por pensar ser melhor que os outros.
Por passar por cima.
Por não sentir-se mortal.
Pesos adquiridos de quilos variados.
Com buracos na vida que passa
esperando os encaixes.
Sem lugar para flores.
LEVEZA
A leveza é companheira do silêncio.
Da contemplação.
Alia-se as palavras meditadas,
aos gestos espontâneos.
Voz serena e confiante.
Convive com as interrupções.
Com os efervescentes tempos de ansiedade.
Imita a calmaria das águas dos rios.
Escuta pássaros e conselhos.
As vezes chora.
As vezes cala por não saber gritar.
E segue seu rumo com menos prejuízos existenciais.
Acrescendo-se de sabedoria.
CAMINHAR A DOIS
Não, não quero me perder de você.
Nem declarar final.
Nem tampouco enlutar meu vestido de noiva.
Quero que na aridez das surpresas do caminho
você atravesse comigo.
Buscando a sombra de uma árvore.
Algum córrego.
Alguma companhia generosa.
Algum gesto sagrado.
E motivos para amar
mesmo assolados pela tristeza.
Ela partirá, nós não.
terça-feira, 25 de março de 2014
RESILIÊNCIA
Corte feroz.
Interrupção.
Um aparente adeus as forças em dispersão.
Contorcer-se para viver.
Retirando seiva de lugar profundo.
E próximo a cicatriz um broto desponta.
Tímido e improvável.
Frágil e ousado.
De um lado, espinho.
Do outro, vida.
Em breve,
o desabrochar de rosas.
SILÊNCIO SEDUTOR
Convincente beleza.
De acetinado vermelho.
Que desponta.
De botão a adulta formosura.
De contrastante miolo.
Em silêncio,fala em sedução.
segunda-feira, 24 de março de 2014
ANSEIO DE PAZ PARA FORTALEZA
Quero falar de flores.
Mas a realidade me chama a protestar.
A violência se espalha na cidade da luz.
E deixa marcas de medo e indignação.
Receio de assaltos e agressões.
Mortes anunciadas de pessoas conhecidas ou não.
Jovens que cedo se vão.
A paz precisa de aliados.
Que coletivamente a desejemos.
Trocar bens materiais pela vida é coisificação.
Tornar-se sem valor, ser nada.
Viver preso no trânsito, preso nos medos, dói.
Dor cidadã, dor de perdas, dor de aflição no ir e no vir.
A violência encosta em cada um de nós.
Suja o tecido social de vermelho.
E enluta nossas almas acomodadas
"com a boca escancarada, cheia de dentes
esperando a morte chegar".
E aceitamos ter números para a morte.
Estatísticas cada vez mais gritantes,
que nos classificam em lugar de destaque na barbárie.
Uma maior aquisição de rabecões.
Paliativos de policiais em locais de excessivos assaltos,
em determinadas horas, até que a população esqueça de cobrar.
A violência ronda as nossas vidas.
Teremos que aprender de alguma forma.
Espero que não seja pelo medo.
Soltos, porém prisioneiros.
RESPIRANDO MEDO EM FORTALEZA
O medo impera onde a paz não é cultivada.
Onde mora a negligência.
Ele suga toda a seiva da vida.
Ele tira o fôlego dos cidadãos pagadores de pesados impostos.
E o retorno do que pagamos para o bem comum?
Vai para onde e de que modo? Em que prioridade?
Estado de não cidadania o nosso.
E a vida vai ganhando números crescentes para a morte.
Morreram dois ali, um acolá, outro na praça...e no somatório desumano,
Fortaleza vai se banhando de preto.
Preto de luto. Luto por lesões, traumas, mortes e medo variados.
Restringe-se o direito de ir e vir - de trabalhar, de pegar ônibus,
de ter lazer, de sair e de estudar a noite...
Mexendo com nossa saudosa liberdade.
Nem a Copa do Mundo nos colocou no jogo de estar um pouco em paz.
Não há falas, nem respostas para o absurdo.
Só o absurdo domínio da violência experimentada,
temida, anunciada pela imprensa, chorada pelas famílias.
Sem exageros, respiramos medo em Fortaleza.
Cidade da luz tornada trevas.
Fortaleza, a segunda cidade mais violenta do Brasil.
Queremos mudar esta realidade.
quinta-feira, 6 de março de 2014
MUNDO DOS MISTÉRIOS
Perder-se
na montanha de pensamentos soltos.
Que perambulam a revelia.
Barquinho em altas águas.
Revirando-se.
Assustar-se
com sonhos da lutuosa noite.
Que evoca surpresas.
Denso jogo sem cartas marcadas.
Embaralhando-se
Enganar-se
com certezas.
Que transitam nos universos idealizados.
Viagem com roteiro certo.
Desviando-se.
Pensamentos, sonhos, idealizações...
Mundo dos mistérios.
quarta-feira, 5 de março de 2014
CAMINHO DOURADO
A lua tinge o lago de dourado.
Testemunho o resplandecente percurso de luz.
A negritude faz nobre o contraste.
Nuvens do dia amparam o círculo luminoso,
de fundo azul.
Ancoro-me nesse cenário.
Quero navegar no caminho refletido.
Resplandecendo as sombras de minha alma.
terça-feira, 4 de março de 2014
ROSA E MULHER
O olhar distraído
a fez parecida com a rosa.
As duas,
sem esforço algum,
roubam a cena.
De solta beleza.
AUSÊNCIA MORTÍFERA
Tamanha saudade.
Que com ela ficou.
Nas abertas rosas encostadas ao peito.
Recolhimento de si.
Mensurando o amor.
A companhia hoje negada.
Pela estirada distância.
Que ele não sabe esperar.
Uma ausência mortífera.
Que ausenta o amor.
CHUVA DE DENTRO
Poço de sentimentos
que sangra lágrimas.
Fazendo caminhos na face.
Sem estupidez de interrupção.
Dor que desagua.
No silêncio de si mesmo.
Em fiel comunhão com a alma.
Sem congelar a emoção.
Chuva de dentro.
Morna e salgada.
PÁSSARO CAVALHEIRO
Traje elegante.
A natureza o adornou.
Tronco erguido.
Preparo para uma melodia.
Cavalheiro de veste própria,
de cântico seu.
Na mais terna e fina plumagem.
Em pouso de elegante viver.
segunda-feira, 3 de março de 2014
A CAMINHO
Um vir a ser.
Tudo ao seu tempo.
Enroscada em delicada pele.
Maturação.
Ela se abrirá
aos desejos dos raios de sol.
DOCES TOQUES
Estacionar no belo.
Trazendo beijos.
Em doces toques.
Acariciada pelos calmos ventos.
Em ritmados movimentos.
Abre e fecha.
Não ficará aí.
Amorosa visitante.
domingo, 2 de março de 2014
INVERNO EXISTENCIAL
Atravessar os invernos existenciais.
Como um trem no caminho do gelo.
Névoa, frio e fumaça.
Trilhos gelados.
Curvas e mais curvas.
Apreensões e tempos de espera.
Juntar-se a outros.
Partilhar angústias e sentimentos.
Amornando o percurso da viagem.
Aquecendo a alma.
CRENDO
Aceso lampião interior.
Toco no que há de profundo em mim.
Ser única e irreptível (singularidade).
De limites e possibilidades.
Conjugando-se.
Buscando a coragem de ser quem sou.
Enxergando contrastes.
Fortalezas e fragilidades.
Caminhos a crescer.
Sentindo meus acesos vínculos amorosos.
Abro os olhos
para os reais valores que me cercam.
Visitando a minha intimidade.
Crendo no meu potencial.
E essencialmente,
no vínculo do sagrado.
BOCA VERMELHA
A boca marcada pelo vermelho.
De calma sedução.
Soltou o olhar em combinação
com o todo que a encanta.
O vestido do mesmo tom
abre uma fresta na perna, expondo-a.
Dançará um tango?
Imitará a rosa vermelha?
Agitará a passarela?
Nada disso.
A linda mulher não quer repousar
a sua exuberante beleza.
PERDIDO OLHAR
Perdido olhar na janela.
Seu amor fez voo distante.
Explorar outras terras, outros mares.
O aventureiro seguiu para o norte.
Ela buscará o verdejante sul.
Para não espera-lo.
CHEIRO DELA
Aquela fragrância dilatou o peito dele.
Fez viagens inesperadas a um juvenil amor.
Não era ela que estava ali.
Era a saudade inebriada pelo cheiro dela.
RECORDADA PRESENÇA
Meus pensamentos vagueiam para além da janela.
Recordações que se soltam e saem perambulando
pelo horizonte do sentir.
Descanso o meu coração da tua recordada presença.
Frente a meia cortina aberta,
renda, flores e luz, eu adormeço.
Na quietude do meu sono você se vai.
Como o sol que se despede.
E desponta amanhã.
sábado, 1 de março de 2014
PONTE DE REFLEXÃO
Silenciosa beleza.
Passarela de flores caídas
sobre o chão molhado.
Findo horizonte.
Lago em calmaria.
Caminhar sem pressa.
Sentar, contemplar, silenciar...
Até que a fértil solidão
me preencha de esperança.
O NOVO
O novo eclode.
Necessidade de experimentações.
Dar novo tom as mesmices.
Olhar novos cenários.
Pintar a frente da casa.
Remexer os móveis dos costumeiros cantos.
Introduzir rosas no jardim.
Trocar ternas roupas de cama
por cetim ou colorido floral.
Chamar discretamente a beleza.
Reconfirmar o amor com o eu te amo.
Novidades?
O teu olhar criativo poderá trazê-las.
PROMESSA DE AMOR
Visita matinal no jardim.
Rosa vermelha ao pé da porta de entrada.
Presença de bem-querer.
Como se ele estivesse ali.
Com um sorriso farto.
Um olhar de puro brilho.
Sabor de saudade.
Promessa de amor.
Por certo, ele voltará
no pico do desabrochar da rosa.
ALEGRIA
Quem vem aí tão barulhenta?
Alegria anunciada.
Vibrando o corpo e o ao redor.
Abrindo o coração.
Expandindo a vida.
Já que resta pouco tempo
para se sentir.
Sentir aquieta-me ou desinstala-me.
Até porque não sentir é frieza ambulante.
É não cantarolar.
Sentir é canto de amigos em serenata.
E a alegria é cria do sentir.
Presente dos instantes vivos.
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