terça-feira, 19 de junho de 2012

QUASE UM NAMORO... (Artigo)



No térreo do elevador de um hospital entra uma jovem de 50 anos de idade, bonita, bronzeada, cheirosa, trajando uma calça jeans e uma blusa de malha. Visitaria um senhor amigo internado. Entra também no mesmo elevador um jovem de aproximadamente 45 anos de idade, bonito, sereno, desejando gentilmente boa tarde. A jovem sentindo um incômodo que se acentuava, disse: “por gentileza, você poderia coçar o meio das minhas costas, é horrível coceira de praia”. O jovem prontamente começou a coçar, parando rapidamente. Indaga: “passou”? Ela diz inquieta: “ainda não”. Ele volta a coçar mais forte, penetrando mais fundo nas carnes por cima da malha. Ele diz: “pronto”? Ela responde: “ainda não”. Ele voltou a confortá-la. Passou a cocá-la mais agilmente e intensamente como se beliscasse suas costas até próximo das axilas e o alívio foi chegando. O elevador se abriu de repente, a jovem desceu agradecendo e ele desesperado falava alto: me arranja seu telefone, seu telefone por favor, e o elevador se fechou. Por pouco a coceirinha deixou de arranjar um namoro. A jovem chegou ao quarto sorrindo do episódio e falando para as amigas. O jovem deu várias voltas de reconhecimento nos andares do hospital e nada. Sua paixão repentina não saiu do quarto, pois a coceira já havia passado. Talvez agora a necessidade fosse dele. Que desumanidade! 

Artigo publicado no Jornal O POVO, Jornal do Leitor em 19/06/12 - autoria Norma Novais

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