terça-feira, 29 de janeiro de 2013

NUTRIÇÕES



















O amor se nutre de conquistas,
de surpresas
e de palavras miúdas.
Também se nutre de beleza.
Uma cesta de vime com flores delicadas
após o jantar.
Assim, não faltará vinho,
nem carinho,
e muito menos amor.   

ACONCHEGOS DE AMOR


















As pétalas estão soltas ao peito.
O vermelho contrasta com a branca langeri. 
Ela dorme como nos contos de fada.
Os lençóis amassados.
As taças vazias de champanhe ao lado.
O sussurro de uma pequena cascata no canto esquerdo do ambiente.
Nas cortinas caem ramalhetes de flores ternas do céu ao chão.
A penumbra do quarto o faz noite sendo dia.
A caixa com fitas desarrumadas abriga chocolates com licor.
No véu da cortina discretos raios de sol.
No jarro o buquê vermelho com pingos de cristais em destaque.
No canto do quarto flores rosa e lilás de puro encanto.  
Tudo num delicado silêncio de mosteiro.
De repente, as cortinas se abrem mostrando o lá fora.
O noivo trajado de garçom traz guloseimas amorosas. 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CARAMBOLAS















Cor, cheiro, sabor... de infância.
A saudade explode
em cada mordida dada.
Uma criança tocava o fruto com uma vara,
a outra não deixava cair ao chão.
Esta era a regra de ouro.
Eu gostava de reunir as sementes.
Uma dúzia da fruta era mais que uma refeição.
Mas a criançada exagerava.
No jardim de Tia Mariinha em Porteiras
tinha carambola para todos os prazeres.
Esta fruta me torna menina
antes mesmo de degustá-la.  

sábado, 26 de janeiro de 2013

BANQUETE DE LUZES

Foto: Norma Novais

No jardim interno,
o sol toca as pétalas do lírio.
Um coral resplandecente.
Feito um abajur natural. 
A minha alma se deleita.
Perfume não sinto, só o fluir das luzes.
Acendo a minha memória diante do belo.
Colorindo com delicadeza o hoje que me abriga. 
Miro a minha vida feito um jardim florido.
Com margaridas, açucenas, angélicas e flores do campo.   
Mas, essencialmente, com lírios de tons alaranjados
e banquete de luzes.  


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

FERIDA DE AMOR











Foto: Norma Novais

Meu olhar curioso estacionou ali.
Na fascinação do lilás.
Configuração floral jamais vista.
Buquê de noiva?
Irmã da hortênsia?
Uma flor ferida,
por bicos amorosos
de dois beija-flores.

AO ACASO











Foto: Norma Novais

Numa calçada paulista,
filetes que explodem
feito fogos de ano novo.
Fitei a flor sem querer mover-me.
Sendo única na planta,
pensei ser só minha.
Engano.
Ela causará espanto a outros transeuntes,
menos apressados.
Amantes de fogos de plantas como eu.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

BALANÇOS DE AMOR


















Os balanços sempre se atrevem a receber crianças.
Para lá, para cá.
Movimentos sem fim.
Empurrões, gritos e cabelos ao vento.
Aí neste balanço,
ocorreram conversas de amor.
Ela delicadamente colocou as fitas azuis.
Ele as flores do campo.
E o amor se deu.

ANCORAGENS













O pôr-do-sol se mostra.
A luz faz destacar os seixos na praia.
O lugar ancora dois pequenos barcos.
A vida anuncia chegadas.
Os mares profundos descansam,
embriagados pela luz laranja.
Barcos solitários.
Pescadores?
Amores a passearem em terra firme?
Aventureiros das águas?
Estes mistérios ficarão aportados nas incertezas.
Mas a beleza, não.  

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ATRAÇÃO SOLAR













Anseio por algo que fale de vida.
Flor de porte majestoso,
capta movimentos de energia solar.
Gira luz e lindeza.
Faz a sua migração hormonal enquanto floresce.
Microflores habitam o círculo entre as pétalas.
Flor que se atreve em paquerar o sol.  

sábado, 19 de janeiro de 2013

MOMENTOS ANGELICAIS


















O branco me chama para perto.
Para sentar num banquinho de jardim.
Numa janela aberta, um sopro de vida.
Um vento perfumado que vai e vem.
Com ar de harmonia e reflexos de luz da manhã.
Num jarro uma flor manhosa.
Solta o seu perfume quando quer,
em local onde se sinta feliz.    
Ama viajar em buquê de noivas.
Faz a nossa conexão de brancura
entre o céu e a terra,
num doce encanto.
Quero enfeitar meus caminhos de angélica.
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

BELEZA ESTONTEANTE













Poderia ser mais exuberante?
O lilás desponta.
Como saia de debutante.
Deixando a transparência fluir.
As sementes? Coroa de princesa.
Os filetes? A serem beijados.
O perfume? Ignoro.
A beleza? Engulo com os olhos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

DÁLIAS


















As rosas dálias não silenciam meu coração.
Atreladas a memória da preferência materna,
grande apreciadora que se foi.
Vermelha ou multicor,
tudo é encanto.
Amantes do sol matinal,
se abrem em murmúrios.
De haste frágil e vigorosa beleza.
Densas pétalas a saudar a vida.

PARAÍSO VERDE












Caminho de bambuzal.
Penso no deleito deste passeio verde.
Faria pinotes, balançando as pontas da saia florida.
Rodaria vendo detalhes.
Gritaria satisfeita ao vento.
Fantasiaria o final daquele caminho.
Amaria cada passo dado.
Tocaria flauta para cada bambu perfilado no caminho.
Imaginaria pequenas pontes de bambus com água a correr.
Flores corais nas encostas do córrego.
Beija-flores, abelhas, pássaros miúdos e coelhos.
A floresta nos guiaria mais a frente.
Poesias em galhos de bambus
com a vida recitando-as.
Uma montanha com bichinhos pastando.
Minha alma levantada pelos bambuzais,
num verde paraíso.  

domingo, 13 de janeiro de 2013

PENDÕES AO VENTO














Os pendões enfeitam os topos da cana-de-açucar.
Imagem viva do meu Cariri.
A floração anunciava a proximidade da moagem.
O correr do caldo verde nas caldeiras.
O mel despejado nas gamelas.
O cheiro interiorano da rapadura artesanal.
Os engenhos de rapadura padeceram.
E uma roça de cana é coisa rara.
Uma amiga caririense me envia de presente
esta imagem.
Crivada nas costas da Chapada do Araripe
no chão de Missão Velha - O Riachão.
Nós duas sofremos da mesma saudade,
da mesma indignação.
Foi-se a rapadura quente na casca da lenha.
O "alfenin" grudado na casca da cana caiana.
Os pendões são bandeiras que desfilam no verde
recordando a nossa doce infância canavieira.

Dedico este poema a minha amiga Dida Quental,
que me presenteou esta imagem.
 

 

FLOR MENINA MOÇA


A simplicidade se eleva nos galhos.
Pétalas rosa de menina moça.
Tão frágeis quanto belas.
Tocadas pelo vento.
Pelos balanços do agora.
Canteiro? Beira do caminho?
Jardim? Viventes do campo?
Importa a tua jovialidade.
O teu bailar com o vento.
O teu jeito belo de adolescer.

FLOR E MULHER


















O toque sutil é quase não pegar em nada.
A delicadeza é um elegante mistério.
Mãos floridas.
Carne aveludada.
Corpo perfumado, quase nu.
O olhar estanca ali.
Mistura de flor e mulher.

FLORZINHA ATREVIDA


















Mostrar-se por um fio.
Não temer o vento.
Nem a borda da calçada.
Desconsiderar a selva de pedra.
Oh pétalas de frágil beleza!
Corando a vida.
Corajosamente minúscula.
Ante a lente de um fotógrafo,
que eterniza o efêmero.

LUAR INCOMUM


















Não posso não notá-la.
Luz sustentada pelas nuvens.
Dourando o mar azul.
Pedras com ofertas de lual.
O mar se acalma ante a sua magnitude.
Uma janela que fala pelo todo.
Jeito feminino de vivo apaixonamento.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

EXÓTICA










Foto: Paloma Cecyn

O olhar embutido
entre o cetim dourado.
Uma exótica quietude.
Uma boca saliente de beleza.
Carne, charme, cor, brilho, cetim...
Uma pulsante mulher.

domingo, 6 de janeiro de 2013

BALANÇOS AO VENTO













Delicados galhos silvestres se elevam ao céu.
O roxo se irmana ao lilás nas hastes pontiagudas.
Acolhe a visita das abelhas se abrindo a vida.
Os ramos balançam-se ao vento
soltando um suave perfume.
Basta olhar para se fitar a janela roxa de beleza.

FESTEJOS DE LIMÃO



















Foto: Papoula Brasil

Cítrico este limão não é.
Sua beleza multicor nos parece um refinado
coquetel de frutas.
O verde suor segue o curso da gravidade.
Gumes de arco-íris se exibem com perfeição.
O fruto cairá em pedras de gelo fresco
em suporte de fino cristal.  
Quinze deles formará um lindo e colorido bolo,
como um brinde aquela que hoje
quer se enfeitar de vida. 

BAILAR... BAILAR



















Os corpos se atrevem a se soltar.
Gestos, ritmos, leveza.
Pés pontiagudos e majestosos.
Princesas que bailam no passar da noite.
Vestimentas multicores.
Giros mágicos e suspirantes.
O artista jogou luz no fundo da tela.
Dance para o seu amor no palco.
Dance para os milhões de expectadores refinados.
Dance para o vento, para as crianças,
para os palhaços, para a vida.
Ficarei aqui a noite inteira,
apreciando movimentos, giros
e deleitando-me de sons clássicos.
Meu aplauso bailarinas será mudo,
para que o espetáculo nutra a madrugada de beleza,
sem interrupções.  

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

BELEZA APORTADA


















O barco ensolarado se acompanha do tempo,
do repouso, do mar serenado.
Uma ave ocupa a sua proa
como um amante espera sua musa no porto.
Outra ave pratica a liberdade do voo.
Ao fundo, o céu faz suas barras anunciando
chuva e pôr-do-sol.
Essa tela viva e encantadora não é cenário de viagem.
É âncora de beleza.  

SUTILEZAS














Hoje ouvi falar sobre almas elegantes.
A delicadeza do toque sutil embriaga nossos sentidos.
O feminino angelical se mistura entre brancas flores do campo.
O humano e o natural em perfeita sintonia.
Seria uma noiva colhendo seu buquê de casamento?
Ou flores miúdas para um grandioso encontro a dois?
Seriam galhos colhidos para um banho de cachoeira?
O encanto tem seus mistérios.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

FASCÍNIO














Foto: Marie Therese Magnan

Não tem jeito.
A beleza fala-nos de Deus.
De combinações de cores, de matizes,
de charme, de exuberância,
de plumagem, de irreverência.
O pavão,ao abrir a calda,
feito uma porta bandeira no sambódromo,
o aplauso é inevitável.
Dá-se a estonteante rodada narcísica.
A haste no topo da cabeça lhe confere majestade.
Que artista lhe teria pensado com tantos detalhes
de beleza, de fascinação?
Hoje, dia universal da paz,
faço reverência ao grande artista - O CRIADOR.