sábado, 30 de novembro de 2013

MOVIMENTOS DA VIDA
















Você com a mão no queixo.
Pensamentos voando em diversas direções.
Rastreando a vida.
Como se ela fosse só sua.
Tantos fios, tantas conexões.
Olhares perdidos.
Desalinhos. 
Caminhos abertos em manhã chuvosa.
As tonturas do existir.
Outras tantas frestas, brechas.
Ideias que correm, que vivem, que morrem.
Na imperfeição do hoje que passa.
Chegando o amanhã.  

DESILUSÕES















Minha alma se acende.
A mandar viajar as ideias confusas.
A descortinar o que fere.
Dizendo o que dói.
Não perambular pelas desilusões.
Tendo carne, osso, sangue e sentimentos.
Revirando o submerso.
Tomando conta de si mesmo.
Saindo da noite negra e empoeirada.
Para um campo em expansão.
Dando adeus ao que atrofia
o feminino,
o viver.


 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

MANHOSA
















A gatinha acaricia meus pés.
Quer mãos nos seus brancos pelos.
Pede carinho.
Revela um olhar quase falado.
Destronando palavras minhas.
Finge dormindo ao meu lado.
Esconde os olhinhos preguiçosos.
Bichinho de estimação.
Assim como nós.

COMO EM EMAÚS




















Se Deus me inspira a bem-viver,
como distrair-me dele?
Abafada força de negação.
Ele habita em mim.
Pulsa no meu ser.
Revela-se nos raios de sol,
no desabrochar da delicada rosa.
Ama os pequeninos.
Acalma os ventos,
as tempestades do mar.
Meu coração arde como em Emaús.  

DIVINA NATUREZA















A natureza me comove.
No espontâneo ritual de beleza.
Trepadeiras exalam doce perfume.
O pé de jambo expõe seu rosado tapete de festa.
A chuva chega de repente e me molha
com fios d'água.
Os pássaros em coral matinal
me devolvem a estampa da alma.
Transportada para os delírios estéticos.
A onze hora me cumprimenta
como nos dias de infância.
Desfile de borboletas.
Criaturas impregnadas de leveza.
Deus presente no vasto colorido.
No cheiro da hortelã.
Na encantada flor da romãzeira.
Horta divina, jardim divino.
Santas águas corredeiras.
Eu no miolo da Tua divindade.
Proclamada filha.
Natureza Tua.

OUTRA MARGEM










Ele revelou um olhar perdido.
Embebido de solidão.
Saiu com seu barquinho, remando, remando,
olhando em volta.
Buscava a outra margem.
Experimentou ficar a deriva.
Acariciou com o olhar aquelas densas águas.
Apreciou os marrecos como em brincadeira.
A outra margem era seu novo ponto de partida.
A vida o convidou a margear.  

SILENCIANDO




















A meia noite encontro-me com o silêncio.
Nenhuma ponta de solidão.
Só o momento nutritivo.
Quase como uma oração.
Longe de navegações.
Junto ao meu próprio mundo.
Deserto que me preenche.

EM DEUS















Cruzeiro Saloá - PE

Oh Deus!
Disponibiliza oxigênio do Espírito.
Luz em expansão.
Intimidade com as santas palavras ditas.
Abrigo nos salmos.
Poesia no Cântico dos Cânticos.
Que eu amanheça recitando o Magnificat.
E tenha sede de "água viva" de tua jorrante fonte.
Que compartilhe com alegria do teu banquete eucarístico.
E no cotidiano de vida tenha "fome e sede de justiça".
Que como filha amada eu seja buscadora de Ti.
E nos conteúdos interiorizados diga Amém!



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

CLOROFILAS DA VIDA





















Foto - Magda Indigo

Frescor verde.
Feito rosa.
Fios exóticos que se espalham.
Passarelas da natureza.
Brincando com o verde.
E eu, com olhar de jardineira.

ELEGANTE TERNURA




















Quero comunhão com a ternura.
Com aquilo que houver de mais delicado.
Para mais que estético.
Um abraço de esperança.
Um sorriso solto.
Águas em movimento.
Flores que namorem os raios da manhã.
Uma folha que se mostre elegantemente no seu cale.
Passos não apressados.
Pendurados cachos de acácia.
Poesias nas paredes.
Beijos com sensação de pele de pétala.
Diferentes  e repetidos beijos.
Em cores ternas.   

sábado, 23 de novembro de 2013

A ORQUÍDEA E O AMOR




















Se a orquídea pode ser bela,
não pouco o teu coração.
Juntas formam um buquê,
nós dois uma doce canção.
Se o perfume exala,
nosso suor cheira além.
Não há nenhuma escala,
que meça nosso amor, meu bem.

FOLHAS DE TANGERINA















Ao sair da minha serra.
Pra cidade vizinha.
Meu coração me doía,
como um facão amolado,
que ao meio lhe partia.
Eu precisava estudar
e de vez em quando voltar
pro meu canto de alegria.
Aos onze anos essa sina,
que ainda uma menina,
precisei absorver.
Na hora da despedida,
pra amenizar a saudade,
folhas de tangerina,
levadas para cheirar,
na solidão da cidade.
E o perfume eu buscava,
seja de noite ou de dia,
aquilo me preenchia,
me levava até o Saco (sítio),
como se fosse magia.

MATANDO O AMOR















E o amor chorou
de tanto ser perturbado.
Os pingos d'água caíram
como gotas de orvalho.
O coração enlutou.
A respiração pausou.
Por não ser sua propriedade.
A seiva foi exaurindo.
As brancas flores caindo.
Seu jardim ficou sem nada.

PESCARIA




















Não pesquei sonhos impossíveis.
Distrai-me da tristeza que me abatia.
Molhei os pés nas águas frias daquela manhã.
Conversei com o vento.
Não usei iscas como armadilha.
Refresquei meus cabelos longos.
Acompanhei o correr das águas.
Pesquei um coração que tem nome.
E eu havia esquecido.
 

BEIJOS

















Bordados de borboletas.
Exercitando solturas.
Leveza e cores vivas.
Voos de liberdade.
Pousos e beijos.
Beijos matinais.
Porque a noite logo despontará.
Beijos humanos.
Bordados de amor.

PRA LÁ, PARA CÁ





















Soltando-se ao vento.
Tudo atemporal.
Pra lá, pra cá.
Trocas e risadas.
Como se houvessem apenas crianças.
Ventos.
Cordas.
Crianças.
Balanços.
E árvores, meu Deus. 

CAMINHOS E DESCAMINHOS
















A vida reivindica ousadia.
Explode mistérios.
Adia e encurta sonhos.
Cria caminhos múltiplos.
Apresenta-nos escolhas.
Luzes e escuridão.
Um caneco de água fresca.
Uma mão a ofertar não sei o que.
Teimosias de bem-querer.
Um juazeiro a beira da estrada.
Um tropeço e seus ensinamentos.
Uma ambição desmedida.
Desertos de subjetividades.
Uma relíquia de oração.
Miopia de sentimentos.
Um poço de água limpa e corrente.
Caminhos e descaminhos.
 A escolher.

EUCALIPTOS URBANOS















Travessia de eucaliptos querendo pegar o céu.
Perfumes na passagem urbana.
A pequena cidade se engrandece com o verde alto
na sua entrada.
Casando com a lindeza das praças no entorno.
Assim Porteiras se manifesta
como elegante dama caririense.

VENDO-SE

















O pássaro demora a solver a gota d'água
ao ver-se refletido no espelho natural.
Suas pernas trêmulas de surpresa
se firmam no pequeno tronco.
Águas límpidas e quietas.
Olhar narcísico, quem sabe!
Numa delicada revelação.

sábado, 2 de novembro de 2013

EM TEUS BRAÇOS

















Eu mereço estar em teus braços.
Em abraços prolongados.
Cultivando risos a dois.
Desenhando o amor que nos liga.
Recordando passagens do vivido.
Adormecendo os intrusos desencontros.
A reciprocidade é um alento de bem-querer.
A provocar encontro não fugazes.

RUMOS DO VIVER

 

















Quero que a vida aponte rumos.
E perceba os toques da intuição.
O discreto mostrar das coisas simples.
A escuta dos conselhos sábios.
O caminhar das apertadas trilhas.
O bálsamo contido no perdão.
O revigorar dos projetos mortos.
O choro como irrigação da alma.
A bênção como sinfonia de amor.
O beijo a molhar teus lábios.