Borboletas fazendo toques de lirismos. Elas saem por aí andarilhas feito os poetas ... beijando flores, beijando a arte. Deixo aqui flores e poemas.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
UM ALTAR
Outra década se despede.
Penso na efemeridade do tempo.
Amanhã será 2011.
Gosto da beleza e do frenesi dos fogos
nos céus das praias de Iracema e Copacabana.
Não necessariamente estarei de branco.
Não guardo sementes de uva pedindo riquezas.
Sai a escolher uma paisagem que me traga
uma bagagem de uma paz frouxa,
um branco quase vestido de dourado,
algo que lembre a minha frágil humanidade
e que me mobilize para ter a coragem dos caminhantes.
Na terra pernambucana dos meus ancestrais
busquei a obra de arte que me traz o sagrado.
Um altar.
Um velho altar que me faz nova,
com uma paz frouxa.
IGREJA EM OLINDA - PE.
FIOS DE OURO DE CIDADANIA
Um ano se rompe,
a champanhe se abre,
exigindo de nós viventes
fios de ouro de um mundo melhor.
Ouros de cidadania.
CRUZEIRO DE ANO NOVO
Uma amiga presenteia-me com uma foto.
Um cruzeiro.
Fala de silêncio,
de tempo,
de meditar,
de contemplar,
do amor e da vida.
Fala de compaixão e de misericórdia.
Fala em se retirar para um monte para orar.
Fala em um novo ano carregado de surpresas.
Cruzeiro Saloá (PE).
Diante dele renovo meu olhar,
meus propósitos, minhas orações de ano novo.
Diante dele, paro em meu silêncio de contemplação.
Foto: Pat Sampaio -Saloá - PE
VIDA INTERIORANA
Algo simples se escora no portão de entrada da casa da fazenda.
Um saco com inúmeros milhos verdes.
Naquela caminhada matinal olhei aquele encanto de ninguém,
gesto tão simples, tão diferente da cidade grande.
Seria rotina? Seria presente? Seria encomenda comercial?
Senti no meu coração o sabor da vida interiorana.
Fazenda Ilha - Porteiras -CE
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
ERA UMA VEZ UM COCO VERDE
Foto:Norma Novais
Era uma vez umas risadas e águas compartilhadas.
Era uma vez um coco verde no alpendre.
Era uma vez um coco verde a espera de pedaços de rapaduras.
DUPLA SENSAÇÃO
Foto: Gracinha Novais
é quem primeiro nos acolhe
na chegada do jardim
daquela casa serrana do Sítio Saco.
Este jasminzeiro, em dezembro redobra a saudade
por exalar o perfume que era tão dela
.
A dupla sensação de amor:
a existência do jasminzeiro,
o aroma do jasminzeiro,
é a presença dela, enraizada e inalada.
É uma saudade falante na sabedoria da natureza.
É uma dupla saudade filha do amor cultivado.
Que exista o jasminzeiro, que eu inale o seu cheiro,
que eu sinta a saudade.
Saudade filha do amor.
Amor que sabiamente a abranda.
Sítio Saco - Porteiras-CE.
PAIXÃO DE PRIMAVERA
A beleza rosada das flores quebra a aparente solidão da praça porteirense.
Sentei-me no banco da praça para o ato de apreciação.
Depois fiz o registro fotográfico no meio da quieta rua.
Senti quietude na paisagem e em mim, nesta ordem.
Paixões que a beleza aflora, num pequeno e lindo arbusto,
na via pública.
Desejei aquele arbusto no meu quintal
para usufruí-lo de mais tempo no olhar.
Desejei aquele arbusto na mata, cercado de mais verde ao redor.
Por fim, desejei mais fortemente aquele arbusto ali,
para que outros transeuntes como eu se apaixonassem.
Paixão de primavera, afinal era outubro.
Pequeno arbusto,
pequena cidade natal.
No dia seguinte fiz outra visita primaveril ao local.
As flores rosas olharam para mim com ar de familiaridade,
como se já esperassem aquele novo encontro.
Praça cidade de Porteiras-CE.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
REBROTANDO
Foto: Janine Novais
Tropecei nas imperfeições do amor.
Esqueci da fugacidade desta vida.
Faço o difícil caminho de volta,
de regar a terra sequiosa,
de adubá-la,
de fazê-la brotar pela renovada capacidade de
amar e ser amada.
Porteiras-CE.
AROMAS
Achei nas flores um encanto de doce combinação
com você.
A natureza esbanja beleza, sensibilidade e ternura incontida.
Você e as flores se confundem, soltam aromas de vida.
Você é meu jardim florido.