domingo, 31 de agosto de 2014

DOCE BRINCADEIRA












Foto - Nação Nordestina

Esta guloseima
adocicou meus estudos, patrocinando-os.
Mais que isso, me fez menina de engenho.
No solo caririense dos férteis canaviais (Porteiras)
desfrutei em minhas carnes do frio serrano.
Rapadura na casca da lenha,
alfenim na cana raspada, montanhas de bagaço seco...
Garapa, apito sonoro do locomóvel,
cana caiana espremida nas moendas,
a fumaça das caldeiras, a boca da fornalha.
Os chocalhos das vacas no curral e bagaceira.
Os cambiteiros trazendo a cana
do corte até a beira das moendas de ferro.
As "levadas d'água" a céu aberto.
A cantoria dos trabalhadores caxeadores.
O meu pai fazendo a cheirosa"batida temperada".
Para mim, tudo uma doce brincadeira.






 

ÓBVIO














Nas frutas,
fez as sementes para multiplicação.
O óbvio que pouco percebemos.

CAMINHANDO


















Para fazer o caminho
é preciso trilhá-lo.
Contornar os obstáculos.
Perceber o ao redor.
Fresco ou quente.
Passos na planície ou na montanha.
Encontrar outros caminhantes.
Amar o verde.
Perceber os cheiros.
Descansar na margem nas passadas largas.
Encontrar-se com a humildade.

PULSAÇÃO










E a vida pulsará
com as experiências do hoje.
Olhando para o que é simples.
Murmurando poesias.
Querendo acréscimos
de sentimentos.
Risadas com os amigos.
Despertar para a beleza viva.
De um desabrochar de uma papoula.
Trilhar um caminho estreito
rodeado pela natureza.
Tocar o tempo que não para.
Perceber-se inerte ou vivo.  

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O AGORA, O DAQUI A POUCO...


















Conhecemos um pouco
os caminhos do agora.
Eles nos tocam, nos surpreendem,
nos mostram pistas sinuosas.
Até nos enganam.
Eles nos pedem plantios e generosidade.
Mas o daqui a pouco
foge da direção do tempo.
Entrega-nos a lei da gravidade
ou ao esbarro em curvas cegas.
Só enxergamos o próximo horizonte
da paisagem.
O de dentro é que é intuitivo,
 apontando sentido.
Também sem garantias.
Pois como nos diz Guimarães Rosa -
Viver é perigoso.

Foto - Antonio Peres

terça-feira, 5 de agosto de 2014

SAUDADE


















No escuro do meu quarto
toco na saudade.
Lembrando ausência.
A rosa no jarro azul
exala um manso perfume.
O travesseiro
agasalha a minha alma.
Devolvendo meu sono.
Mergulhado em mistérios.