domingo, 28 de dezembro de 2014

RECADOS DE AMOR




















Mãos e córrego em cumplicidade.
Pétalas em águas corredeiras.
Suaves caminhos.
Levando recados de amor.
Bem-me-quer, bem-me-quer,
bem-me -quer...

PÉTALAS DE SANGUE
















O beijo não será guardado.
Ele sentirá o aroma daquele amor
demarcado no nada.
Fechará os olhos em segredo.
Os lábios repousarão nas pétalas de sangue.
Dará um penetrante suspiro.
Eco da paixão.

NO CAMPO




















Espreguiçar meio a beleza floral.
Exalando essência de flor do campo.
Com discretos raios de sol tocando a pele.
Em delicados passos.
Bailando como se fosse
um dos ramos amarelos.

CUIDADO
















Sinto o impulso do cuidado.
Essencialmente do ninho dos meus pais.
Das experiências do vivido.
No silêncio orante.
No quarto de dormir partilhado.
Nas brincadeiras de infância.
No mundo interiorano.
No cair dos pingos de chuva.
No barulho rural.
No socorro ao outro e ao ser socorrida.
No ato de ser agasalhada do frio serrano.
No modo de me enfeitar e me perfumar.
No jeito de olhar a beleza da natureza.
De abraçar um idoso.
De afagar uma criança.
Nos ousados movimentos do amor.  



 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

SALGADA NÉVOA




















O encanto tornado tormento.
Essência que evapora.
Restando a salgada névoa.
A noite se torna febril, estática e nua.
Só lágrimas.
Restando a salgada névoa.

FLORES DESIDRATADAS




















O teu olhar se foi.
A tua presença é sempre despedida.
Deixaste o teu cheiro
na poltrona que te acomodou por minutos.
A alma palpita quase infartando.
E no novo olhar que lanço sobre aquele amor,
flores desidratadas.

domingo, 30 de novembro de 2014

ÁGUAS QUE CHORAM
















Água doce e salgada.
Dos lagos, rios, lençóis freáticos e mares.  
Chuvas que caem, água que evapora.  
Movimentos essenciais a vida.
Água, líquido mais abundante do planeta.
Ela nos banha, nos sacia, nos transporta,
nos refresca, nos batiza e  nos invade.
Poluição e desperdício a maltrata.
Aridez nas consciências.
Estresse hídrico.
Águas que choram.
Águas também que deixam de chorar.

INSANA BELEZA




















No ninho,o amarelo do astro que se põe.
O abajur solar.
O casal de pássaro alimenta seus filhotes
distraindo-se da exuberante natureza ao redor.
Os galhos secos noticiam a secura.
As barras do céu pintam uma obra de arte.
Mundo suspenso de insana beleza.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

PITANGA
















Pitanga, me leva ao teu sabor.
E ao teu desfrutar,
suspirar gosto de infância.
Fartura nos avermelhados e condensados galhos.
Movimentos infantis atirando carroço em quem passa.
Sugando o líquido vermelho.
Até nos embriagar de frutíferas brincadeiras.

REVELAÇÃO

















Exuberante beleza.
Palpitando em meus olhos.
A luz te revelou por inteira.
Despindo-te.
Tuas fascinantes pétalas
vestiram a minha alma nua.
Pudor estético.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

QUERER




















Quero me entregar a grandeza da vida
antes que o vento sopre o meu tempo terreno.
Quero te ter por perto
ao alcance dos meus leves sentimentos.
Quero estar presente no teu acordar mais preguiçoso.
Ouvir pássaros  que parecem me conhecer.
Quero dizer ao barulho do córrego que não descanse.
Adormecer os preconceitos do mundo que causam dor.
Quero me sentar numa pedra olhando o ao redor.
Fazendo o silêncio provocar cócegas em minhas memórias.
Quero que uma criança passe por aqui.
Deixe vivacidade nos meus olhos de adulta.
Quero recado dos ventos, dos tontos amores.
Quero reconhecer uma plantinha que coloquei no chão.
Pelo sorriso da flor que imaginei brotando.
Quero amigos presentes e ausentes.
Quero o amor em expansão.     

ADEUS PULSAÇÃO




















O amor cercou-se de solidão.
Nada balbuciou.
Não tirou o olhar de onde fazia sombra.
Não molhou o rosto para refrescar-se.
Não percorreu as estradas dos sonhos imaginados.
Não roubou beijos inesperados.
Não mais se perfumou.
Adeus pulsação.  

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

PASSEIOS DA MEMÓRIA
















Na altura da árvore
lições dos tempos passantes.
Lembranças que perambulam.
O caule se robusteceu.
Os pássaros são novos viventes.
Os cheiros são os de agora.
Os pensamentos pouco inocentes.
As estradas carroçáveis no mesmo itinerário.
Só se é possível fotografar o presente.
O outrora majestoso
só se movimenta na memória.    

FUGACIDADE




















Eu te abracei no sereno da noite.
Disseste palavras sussurradas com mel.
Os abismos pareciam aplanados por instantes.
Pela querença do teu olhar sedutor.
A chuva caiu sobre as velhas telhas.
O céu escuro apagou o brilho
do teu olhar no meu.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

BRILHO EMPOEIRADO




















O teu brilhante olhar
por encanto me fez tua.
Risos e brincadeiras.
Festas e confidências.
Pensou eu que aquele brilho
mirava em minha direção.
Engano.
Puro sopro externo empoeirado.


QUIETUDE CLÁSSICA




















O quarto tem um lugar de saudade.
Um livro na escrivaninha com página marcada.
Um jarro de flores de cores vivas
que ainda não se despediram.
Uma janela que não mais transfere
o teu olhar lá fora.
Uma cama de lençóis brancos
sem marcas dos nossos corpos.
Uma quietude clássica no meu olhar
de perfeita solidão.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O FRENETISMO DO PODER












A luta pelo poder chega ao máximo de si.
Vale truque, vale tudo, até enganar.
O predomínio do parecer ser aquilo que não é.
Ficha limpa, ficha suja e sem ficha.
Dinheiro em louco movimento.
Será o eleitor um desentendido?
Com a inteligência temporariamente anestesiada?
Assim o coloca muitas das falas
da enfadonha propaganda eleitoral.
Os candidatos em ensaiados sorrisos.
Tempo de prestar atenção as estatísticas,
as margens de erros.
Tempo de delação premiada.
Tempo de promessas reais e insanas.
Também tempo de discernimento cidadã.
Para a responsabilidade do CONFIRMA.


Publicado no Jornal O Povo - 08/10/14

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

SETEMBRO PRIMAVERIL


















Desponta a primavera.
O ipê a reverencia.
Os canteiros se abrem a vida.
Os perfumes viajam ao vento.
As pétalas se entregam ao belo.
A acácia se veste de amarelo.
Beija flores em delicados toques.
Setembro é a natureza namorando.  

BUSCAS


















O que há de mais profundo em ti?
O peito, a saudade, o delicado viver?
A palavra não dita?
O longo olhar?
Mania esta
de querer tocar nos mistérios. 

PIPA


















Há de se soltar numa viva alegria.
Presa ao balanço de dedos pequeninos.
Entregue ao vento.
Dançando à toa.
Balançando sonhos e cores.
Distraídos movimentos.
Geometrias.
Frevo no ar.
Coração a correr.
Colorido de alegria.
Pipa pra lá, pipa pra cá.


domingo, 31 de agosto de 2014

DOCE BRINCADEIRA












Foto - Nação Nordestina

Esta guloseima
adocicou meus estudos, patrocinando-os.
Mais que isso, me fez menina de engenho.
No solo caririense dos férteis canaviais (Porteiras)
desfrutei em minhas carnes do frio serrano.
Rapadura na casca da lenha,
alfenim na cana raspada, montanhas de bagaço seco...
Garapa, apito sonoro do locomóvel,
cana caiana espremida nas moendas,
a fumaça das caldeiras, a boca da fornalha.
Os chocalhos das vacas no curral e bagaceira.
Os cambiteiros trazendo a cana
do corte até a beira das moendas de ferro.
As "levadas d'água" a céu aberto.
A cantoria dos trabalhadores caxeadores.
O meu pai fazendo a cheirosa"batida temperada".
Para mim, tudo uma doce brincadeira.






 

ÓBVIO














Nas frutas,
fez as sementes para multiplicação.
O óbvio que pouco percebemos.

CAMINHANDO


















Para fazer o caminho
é preciso trilhá-lo.
Contornar os obstáculos.
Perceber o ao redor.
Fresco ou quente.
Passos na planície ou na montanha.
Encontrar outros caminhantes.
Amar o verde.
Perceber os cheiros.
Descansar na margem nas passadas largas.
Encontrar-se com a humildade.

PULSAÇÃO










E a vida pulsará
com as experiências do hoje.
Olhando para o que é simples.
Murmurando poesias.
Querendo acréscimos
de sentimentos.
Risadas com os amigos.
Despertar para a beleza viva.
De um desabrochar de uma papoula.
Trilhar um caminho estreito
rodeado pela natureza.
Tocar o tempo que não para.
Perceber-se inerte ou vivo.  

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O AGORA, O DAQUI A POUCO...


















Conhecemos um pouco
os caminhos do agora.
Eles nos tocam, nos surpreendem,
nos mostram pistas sinuosas.
Até nos enganam.
Eles nos pedem plantios e generosidade.
Mas o daqui a pouco
foge da direção do tempo.
Entrega-nos a lei da gravidade
ou ao esbarro em curvas cegas.
Só enxergamos o próximo horizonte
da paisagem.
O de dentro é que é intuitivo,
 apontando sentido.
Também sem garantias.
Pois como nos diz Guimarães Rosa -
Viver é perigoso.

Foto - Antonio Peres

terça-feira, 5 de agosto de 2014

SAUDADE


















No escuro do meu quarto
toco na saudade.
Lembrando ausência.
A rosa no jarro azul
exala um manso perfume.
O travesseiro
agasalha a minha alma.
Devolvendo meu sono.
Mergulhado em mistérios.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

FESTEJANDO O AMOR


















Tenho palavras dentro de mim.
Nem sei como dizê-las.
Tenho sentimentos dentro de mim.
Explodindo em bom momento.
E na graça de Deus e na presença amiga.
Sei como vivê-los.







ENCONTRO


















Estarei com o coração aberto.
Aos teus encantos.
As tuas palavras que escapam ao vento.
Ao teu carinho sempre novo.
Meu coração se abrirá por inteiro
quando o sol despertar
mirando o nosso amor.
Estaremos mudos
num concentrado beijo.
Testemunhado pela natureza
que nos molha de fina chuva.
Distraindo-nos de ser só.

terça-feira, 22 de julho de 2014

ISTO OU AQUILO












O meu mundo poderá ser
um pedacinho do céu
em deslocamento.
Quem sabe também
vapores de um caldeirão borbulhando.
Frescor ou vapor queimante.
O como caminhar
marca o fôlego do viajante.


SER SÓ ESTAR SÓ


















Não sei ser solitária.
Por vezes, apenas estar solitária.
Pondo-me pelo avesso.
Mexo-me em conexões de vida.
Acendendo o miolo de mim mesma.

BEM-MAL-ME-QUER


















Algo valerá a pena.
No desconsolo desta vida à toa.
Do bem-me-quer e mal-me-quer.
Debruçando-me
na janela para fazer escolhas.



MÃOS QUE DOAM












Acolho sua oferta
com tal desprendimento
e encanto,
que não diferencio
a rosa de você.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

DOURADAS LEMBRANÇAS














Terei disposição para contemplar
o dourado entardecer.
E, no silêncio de mim mesma,
fazer-te presente.
Descortinando lembranças.

VÉU DA PAIXÃO


















A paixão a rodeia.
Em redemoinho.
Apimentando a alma distraída.
E o vermelho véu
não se desfaz.

terça-feira, 1 de julho de 2014

JANELA CHORONA
















Eu me chego na vidraça da tua janela.
Momento molhado de solidão.
Sou folha de outono a te visitar.
Janela chorona.
Gotas de chuva a lavar minha alma.
E a tua também.

DESEJO APIMENTADO


















Incendiário.
Meu desejo de te ver.
Correndo saudades nas veias.
Um lado sonha.
O outro pede calma.
Desejo apimentado.
Ardente viver.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

MINHA FLOR MEU REGADOR


















Foto - ENVOLVERDE

Reguei minha flor.
Ah! Ela murchou.
Descobri que o meu regador
era pequeno demais.

domingo, 15 de junho de 2014

ESPELHO MEU



















A cada dia uma revelação.
De mim mesma.
Um jeito de olhar.
Algo que eu ponho.
Algo que não posso tirar.
O espelho me traz surpresas.
Ora menina, ora gente crescida.
Retrato em movimento.
Seguindo caminhos novos.
Fazendo-me.

ÚNICA


















Vivo pensamento
que visita o agora.
E te traz sem demora.
Deixando-me contemplá-la.
Uma rosa namorada.
Debutando em meu descoberto peito.
E de tão colorida e bela,
espio tudo o mais em preto e branco.

DOURADA RUA


















Manifesta elegância.
De calmo brilho.
Luminárias de requintada beleza.
Nada desapercebido.
Despertar o encanto
de passear pela dourada rua.
Ou por vistoso e verdejante jardim
banhado pela arte.
E no silenciar da noite de horas lentas,
deslocar-me ali de mãos dadas.
Em dourada companhia.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

ARTE DE VIVER






















A vida segue como um passo de dança.
Com sua beleza, esforços e aprendizados.
Ora pequeno aplauso, ora recolhimento.
E a cada momento um novo passo.
Girando dias, sentimentos e sonhos.
Uma oferenda ao Sagrado.
Ensaios de desprendimento.
Não saber ser só.
Alegria e saudade.
Natureza e poesia.
Presente de Deus.
Vida tornada arte.

SEU ÓPIO DE BELEZA
















As gotas de chuva tocam sua rosada pele
como um corpo suado.
O sol já se atreveu em ordena-la
a se abrir para a vida.
O vento cria maior extensão
dos espaços solitários.
A papoula, na força da criação,
esbanja seu ópio de beleza.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

COR DA ALMA












Gestos elegantes revelam a cor da alma.
A delicadeza do toque.
A força do elogio.
A exuberância da beleza.
A grandiosidade do simples.
A sabedoria do cuidado.

GENTE PEQUENA


















Serena inocência.
Contornos de luz.
Que no silêncio ama.
Por si só.
Num febril encanto.
De gente pequena.
Que poetiza a vida.
Resplandecendo-a.

DÚVIDA


















Dúvida que embaça o vivo olhar daquele amor.
Instantes orvalhados.
Mãos exitantes.
Os pensamentos se recolhem,
preguiçando a alma.
Num recanto de solidão.
Dor que sussurra.
Tímidos gemidos.
Ausência.  

terça-feira, 10 de junho de 2014

INSTANTES


















Tocaste em minha pele
subtraindo-me da solidão.
Numa discreta presença multicor.
Revelando segredos adiados.
Murmurando fantasias.
Que atravessam os desertos da alma
em noite cálida.
E se esbarram nos soltos fios da paixão.
Fios viajantes.
Instantes que se prolongam.
Querendo viver.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

ENTRELAÇO MEU QUERER












Nesta busca de ti
entrelaço meu querer.
Belos desejos se soltam
nesta palpitante noite.
E se amontoam.
Perco-me em pensamentos
que se dispersam.
Bobos alvoroços da alma.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

CENA PRIMAVERIL


















O meu olhar se abastece de luz.
Florescimento da alma.
Que passa desajeitada.
E esbarra numa cena primaveril.
Suspira beleza.
E suspeita de tua presença.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

FALANTE SURPRESA


















Ao teu encontro.
Atravessando fronteiras.
Nada de límpido céu.
Passos miúdos.
Desejos mudos.
Flores a te celebrar.
Falante surpresa.
Murmurando em teus braços.

sábado, 17 de maio de 2014

VIAJANTE TEMPO















O tempo segue seus passos certeiros.
Reduzindo os créditos existenciais.
Do hoje se abastece.
Do momento reluzente ao alaranjado partir.
Fresco ou febril.
Alertando para percursos de qualidade.
Indagando sobre desapegos,
gestos de gratidão,abraços adiados.
Tempo, quero amar mais que depressa.
E quando estiver com meu amado, desaperceber-te.