sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A CASA DO PASSARINHO

Foto: Wellington Monteiro
                                          
O passarinho projeta seu ninho.
Não pode ser grande e nem tão pequenino.
Evita na sua entrada o lado do jogar da chuva.
Prevê as andanças dos inimigos por ali.
Demarca o território e já pode ir.
Buscar leves gravetos na natureza.
Faz diversas viagens, aqui, ali.
E sai encaixando cada minúsculo galhinho.
Vai dando formato a sua nova casinha.
Onde lá vai namorar e acolher seus descendentes.
E pensa o passarinho: ainda bem que existe árvore.
Ainda bem que a árvore não cobra aluguel,
nem expulsa invasores.
Eles são irmãos na melodia do viver a vida.
O passarinho usa o bico e os pesinhos para moldar seu ninho.
E conduz no bico os finos pauzinhos que a natureza oferta livremente.
Faz a sustentação no galho da árvore alicerçando a morada.
Traz pequenas mantas do tronco da palmeira para aquecer o ninho.
Forra a morada para as noites de frio.
Pensa o passarinho: que bom não precisar de programa de governo.
Aqui teremos nossa casa nossa vida sem as angústias do amanhã.
No próximo acasalamento faremos outro ninho em nova árvore.
Traremos nossos filhotes para povoar o mundo,
para alegrar as árvores, para sensibilizar os ouvidos dos homens.
Para dizer a eles que não sabemos construir ninhos em gaiolas.
Diremos a eles que baladeira dói nos nossos corpos.
Que eles terão a beleza dos nossos voos e das nossas plumagens.
Pediremos a eles que não destruam nossos ninhos, nossos ovinhos,
pois eles são como úteros da natureza. 
Diremos a eles que não queremos participar do programa “Minha Casa Minha Vida”.
Queremos apenas construir sem danos ao meio ambiente, Nossa Casa Nossa Vida.


Poema publicado pelo Jornal O Povo, Jornal do Leitor em 10/12/11, com outra foto.
Esta foto aqui exibida foi tirada no Hotel Sítio Aquarius em Pacajus -CE. 

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