sexta-feira, 2 de maio de 2014

RAPADURA DOCE MENINA





No íntimo, a doçura de ser menina de engenho.
O apito sonoro na fresca madrugada.
O cheiro do bagaço verde molhado.
A cana caiana espremida entre as moedas de ferro.
A garapa seguindo para o tanque grande.
As labaredas na boca da fornalha.
As músicas entoadas pelos caldeireiros.
O mel fervendo no tacho.
Na gamela, a maestria dos músculos do trabalhador.
Nas caixas de madeira molhadas, a rapadura.
Doce menina do mundo rural caririense.
Rapadura que não durou.
Foi-se embora a doce menina do engenho.
E a outra menina chorou.

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