Foto: Eliane Novais
Oh meu pequeno riacho!
que deságua na estrada carroçável,
com águas límpidas e frias,
serpenteando da nascença da serra do Araripe,
pela força da gravidade.
Oh meu pequeno riacho corredor!
conservaste as pedras onde coloquei
meu bumbum na doce infância,
sentindo as piabas beijarem meus minúsculos e inquietos pés.
Oh meu riacho moldurado de verde!
que cochicha comigo em cumplicidade,
sentes saudades do ronco do engenho de rapadura,
do cheiro do mel da cana,
das passagens dos cambiteiros por dentro tuas águas,
da algazarra das crianças vindo da escola,
do choro das chuvas da cabeceira da serra.
Oh meu apressado riacho!
que oferece umidade ao plantio de banana prata,
enfeita-te também de roxas flores silvestres,
visitado por faceiras borboletas,
escuta as histórias de amor dos caminhantes a pé.
Oh meu feliz riacho!
que suaviza minha alma com teu desaguar sereno,
oferece-me a mágica de me transportar da cidade grande
para o teu ninho de amor choroso,
fazendo o batismo nos meus pés de adulta.
Oh meu saudoso riacho!
deste dadivoso chão caririense,
de onde também fiz minha nascença,
conserva-me apaixonada por ti,
na tua distância ou na presença.
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